Após assumir Defesa, Braga Netto defende celebração do golpe de 64

"Canalhas sádicos! Vamos apresentar nova ação e denunciá-lo na Corte Interamericana de Direitos Humanos", protestou a deputada Natália Bonavides (PT)

Braga Netto - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el

Em um de seus primeiros atos como novo ministro da Defesa, o general Walter Souza Braga Netto defendeu nesta terça-feira (30) que "devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos" de 31 de março de 1964 - data do golpe militar que derrubou o governo de João Goulart e deu início aos 21 anos de ditadura.

Leia também: “A balança do poder está com os militares”, afirma autor de livro sobre o ‘Partido Fardado’

"As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos", afirma o general, que chegou ao posto após a queda de Fernando Azevedo e Silva.

"Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura. [...] O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março", diz ainda a mensagem.

A nota é publicada em meio a uma crise política provocada pela reforma ministerial de Jair Bolsonaro, que expulsou Azevedo e Silva do governo e provocou a demissão dos forçou a renúncia dos comandantes das três Forças Armadas às vésperas do aniversário do golpe.

A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) protestou contra a nota em seu perfil no Twitter e afirmou que a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) será acionada. "'As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País', diz o ministério da defesa, e que o golpe de 64 deve ser celebrado. A pacificação estaria em colocar ratos nas vaginas de mulheres torturadas? Em matar e ocultar cadáveres (até hoje)? Canalhas sádicos!", escreveu.

"Com mais de 315 mil mortes pela política genocida, o governo Bolsonaro acaba de lançar nota comemorativa do golpe militar de 1964 que torturou e matou. Vamos apresentar nova ação e denunciá-lo na Corte Interamericana de Direitos Humanos", completou.

Bonavides chegou a acionar a Justiça, em 2020, pedindo que o Ministério da Defesa retirasse de seu site conteúdo alusivo e comemorativo ao 31 de março. Ela venceu em primeira instância, mas o Tribunal Regional Federal da 5ª Região reverteu a decisão.

Confira aqui a nota do Ministério da Defesa

https://twitter.com/natbonavides/status/1377024348784107520
https://twitter.com/natbonavides/status/1377024644289560577