Após críticas, FHC diz que vai apoiar candidato do PSDB, mas reafirma voto em Lula em eventual 2º turno com Bolsonaro

Iniciativa de FHC de se encontrar com Lula foi criticada pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo; pesquisas têm apontado favoritismo do petista contra o atual titular do Planalto

FHC e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)Créditos: Ricardo Stuckert
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Após as críticas feitas pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, à iniciativa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de se encontrar com o também ex-presidente Lula, nesta sexta-feira (21), o tucano foi às redes sociais para "esclarecer" que apoiará o candidato de seu partido à presidência nas próximas eleições. Ele reafirmou, contudo, aquilo que tem deixado parte de seus correligionários irritados: votará no ex-presidente petista em um eventual segundo turno contra Jair Bolsonaro.

"Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula", escreveu FHC.

https://twitter.com/FHC/status/1395776479368200196

O tucano já havia dito em entrevista recente que apoiaria Lula caso ele fosse o adversário de Bolsonaro em um segundo turno e o petista, na quinta-feira (20), sinalizou uma aproximação ao dizer que faria o mesmo: votaria em FHC contra Bolsonaro caso ambos fossem os candidatos do segundo turno do próximo pleito eleitoral.

Essa abertura ao diálogo entre os dois ex-mandatários foi selada com um almoço a convite do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, que participou dos governos do tucano e do petista. Bruno Araújo, presidente do PSDB, no entanto, não gostou.

"Esse encontro ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB. Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos. De toda forma, precisamos evitar sinais trocados a nossos eleitores. O partido segue firme na construção de uma candidatura distante dos extremos que se estabeleceram na democracia brasileira", afirmou em nota o dirigente tucano.

Em contrapartida, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) presidenta nacional do PT, celebrou a reunião entre Lula e FHC. "Só mesmo Bolsonaro é incapaz de aceitar que dois ex-presidentes podem conversar civilizadamente sobre os graves problemas do país, como fizeram Lula e FHC. O Brasil quer voltar a debater o futuro pela política. O ódio e a mentira deram no que deram", escreveu através das redes sociais.

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), também viu com bons olhos a aproximação entre as duas lideranças políticas e fez críticas indiretas a Bruno Araújo ao falar em "pequenez" daqueles que criticam um "gesto de civilidade". "É lamentável a pequenez de alguns líderes do campo democrático. Independente de compromissos eleitorais, criticar um gesto de civilidade democrática entre dois ex-presidentes é de uma miopia política impressionante em qualquer tempo, mais ainda em tempos de ataques a democracia", afirmou o parlamentar, também via redes sociais.

A abertura de parte da centro-direita para conversar com Lula não é à toa. Com seus direitos políticos retomados após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente petista vem despontando como favorito para derrotar Jair Bolsonaro na próxima eleição presidencial e diversas pesquisas de opinião.

A última Datafolha, por exemplo, aponta que Lula tem 41% das intenções de voto, que representa quase a soma das intenções de voto de todos os seus possíveis adversários. Em segundo lugar, o presidente Bolsonaro figura com 23%. O petista também derrotaria o atual presidente, segundo a pesquisa, em um eventual segundo turno.

pesquisa Exame/Ideia divulgada nesta sexta-feira (21) mostra que Lula venceria Bolsonaro no segundo turno por 45% a 37%.