Após ofensiva do STF, Bolsonaro desiste de nomear amigo dos filhos para comando da PF

Mais cedo, Alexandre de Moraes atendeu a um pedido do PDT e cancelou a nomeação de Ramagem para o comando da organização. Posse seria nesta quarta-feira (29)

Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro revogou na tarde desta quarta-feira (29) a nomeação do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, amigo de Carlos Bolsonaro, para a chefia da Polícia Federal. Decisão vem poucas horas depois da ofensiva do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que cancelou a indicação.

A decisão de Moraes atendeu ao pedido de mandado de segurança impetrado nesta terça-feira (28) pelo PDT como forma de impedir a posse de Ramagem. Evento estava marcado para às 15h desta quarta, no Palácio do Planalto.

Uma das alegações que sustentaram o pedido do PDT é a declaração do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, de que Bolsonaro pretende interferir politicamente na PF para ter influência nas investigações da organização. Uma das estratégias dessa interferências, segundo Moro, seria justamente a troca do comando da organização por alguém próximo ao presidente.

Ao pedir demissão do ministério, o ex-juiz disse que o presidente tentou obter acesso a relatórios de inteligência e assumiu que tinha intenções políticas ao trocar o comando da PF. As denúncias são alvo de um inquérito aberto no Supremo contra Bolsonaro.

Em sua decisão, Moraes afirmou que há "inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público" na indicação de Ramagem. Ele diz ainda que, "em um sistema republicano, não existe poder absoluto ou ilimitado, porque seria a negativa do próprio Estado de Direito".