Arrependido, Amoêdo diz que Partido Novo cometeu "erro estratégico ao apostar que Bolsonaro teria relevância"

Fundador do Partido Novo, Amoêdo ainda aponta uma "decepção com a renovação" proposta na campanha eleitoral de 2018 e diz que "voltamos três casas" rumo à velha política

João Amoêdo no Roda Viva. Foto: Reprodução/TV Cultura
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Fundador do Partido Novo, João Amoêdo disse em entrevista a Pedro Venceslau, na edição desta sexta-feira (25) do jornal O Estado de S.Paulo, que a sigla cometeu um "erro estratégico" ao apostar que Jair Bolsonaro "teria relevância e não se opor a ele".

"Houve um erro estratégico, que foi apostar, em algumas campanhas do Novo, que o Bolsonaro teria relevância e que não se opor a ele seria positivo. Isso tirou a unidade do partido porque não havia consenso sobre o governo Bolsonaro. O presidente não conseguiu transferir votos. A falta de um posicionamento de oposição tirou o protagonismo do Novo. É importante que o partido faça uma revisão disso para 2022", afirmou ele, que não se coloca como candidato, mas defende que a legenda lance um presidenciável no próximo pleito.

O ex-banqueiro ainda aponta uma "decepção com a renovação" proposta na campanha eleitoral de 2018 e diz que "voltamos três casas" rumo à velha política.

"2018 foi um ponto muito específico. As pessoas estavam revoltadas com o PT e decepcionadas com o PSDB. Buscou-se então a ideia de renovação geral. As pessoas saíram frustradas. Houve uma decepção com a renovação. Voltamos três ou quatro casas na ideia de renovação. Houve uma certa reabilitação da política".

Amoêdo ainda apontou um novo erro - "obviamente" - no lançamento da candidatura de Filipe Sabará à prefeitura de São Paulo e diz que se "preocupa" com a retomada de espaço pelo PT e pela esquerda na política.

"Não tenho dúvida e isso sempre me preocupa. Eu fazia esse comentário em 2018: a derrubada do PT e da esquerda não viria com a eleição do Bolsonaro. Falta aos partidos que não são da esquerda uma capacidade de se colocar como oposição. Mas oposição ao Bolsonaro não pode ser oposição ao País", diz ele, sem citar o alinhamento da agenda neoliberal do Partido Novo com Paulo Guedes, ministro da Economia.