Aziz reage à nota das Forças Armadas: "Estão tentando me intimidar. Não aceitarei!"

Cúpula das Forças soltou texto com tom ameaçador contra o presidente da CPI, que associou alguns militares a corrupção no Ministério da Saúde; "Podem soltar 50 notas"

Omar Aziz (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
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O presidente da CPI do Genocídio, senador Omar Aziz (PSD-AM), cobrou do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), uma posição firme contra a nota divulgada pelo Ministério da Defesa e a cúpula das Forças Armadas, na noite desta quarta-feira (7).

No texto, o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e os comandantes das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica), repudiam declarações de Aziz na sessão desta quarta na CPI em que critica a suposta presença de alguns militares nas denúncias de corrupção que envolvem o Ministério da Saúde.

Com tom ameaçador, a nota dos militares diz que eles "não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro".

"A nota é desproporcional. Vossa excelência como presidente do Senado deveria dizer isso no seu discurso. Eu sou membro dessa Casa. Vossa excelência deveria dizer que é desproporcional, que não aceita intimidação contra um senador da República", disse Aziz no plenário do Senado, se dirigindo a Rodrigo Pacheco.

"Podem fazer 50 notas, só não me intimidem. Quando estão me intimidando, estão intimidando o Senado", afirmou ainda o senador.

Pelas redes sociais, Aziz afirmou que a cúpula militar está tentando distorcer sua fala e o intimidar. "Não aceitarei! Não ataquei os militares brasileiros. Disse que a parte boa do Exército deve estar envergonhada com a pequena banda podre que mancha a história das Forças Armadas", escreveu.

"Mais uma vez esse grupo se apega a fake news para distorcer os fatos e criar sua narrativa. Mas a verdade sempre aparece", completou o presidente da CPI do Genocídio.

https://twitter.com/OmarAzizSenador/status/1412927789976666112

A nota e as declarações

Ministério da Defesa e os comandantes das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) reagiram às declarações do presidente da CPI do Genocídio, Omar Aziz (PSD-AM), e soltaram nota, na noite desta quarta-feira (7), repudiando as falas do senador que associam alguns militares a denúncias de corrupção no Ministério da Saúde.

Durante o depoimento do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, Aziz disse que alguns militares devem estar “envergonhados”. Isso porque a CPI apura irregularidades na compra de vacinas que envolveriam militares, como no caso de Dias, acusado de pedir propina em um jantar com a presença de um coronel da reserva do Exército. Além disso, Dias, durante sua oitiva, atribuiu ao ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, a responsabilidade na negociação de vacinas. Há ainda inúmeras evidências de irregularidades durante a gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que é general da ativa.

“Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo. Fazia muitos anos”, disparou Aziz na CPI.

A declaração causou incômodo no ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e na cúpula militar, que divulgaram texto com tom de ameaça ao presidente da CPI e aos trabalhos da comissão. “Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos”, diz um trecho da nota conjunta.

“As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”, completam os militares.

Sem escrever nada, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou a nota em suas redes sociais.