Barroso detona Bolsonaro: "A verdade só liberta aos que querem se libertar"

O presidente do TSE fez discurso duro contra o presidente na reabertura dos trabalhos do tribunal

Luís Roberto Barroso - Foto: Nelson Jr./SCO/STFCréditos: Senado Federal
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O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez um duro discurso nesta segunda-feira (2) contra as alegações golpistas do presidente Jair Bolsonaro sobre a não-realização de eleições caso não haja voto impresso. O ministro desmentiu as declarações dadas pelo presidente durante live realizada na última quinta-feira.

"A ameaça à realização de eleições é uma conduta antidemocrática. Suprimir direitos fundamentais, incluindo os de natureza ambiental, é uma conduta antidemocrática. Conspurcar o debate público com desinformação, mentiras e teorias conspiratórias é uma conduta antidemocrática. Há coisas erradas acontecendo no país e nós todos precisamos estar atentos. Nós já superamos o ciclo do atraso institucional, mas há retardatários que gostariam de voltar ao passado. Parte dessa tática envolve o ataque às instituições, incluindo as eleitorais”, declarou o ministro.

A fala de Barroso aconteceu na sessão de abertura do semestre do Poder Judiciário.

O ministro relembrou a invasão do Capitólio dos Estados Unidos por apoiadores de Donald Trump - ídolo de Bolsonaro - que não aceitaram o resultado. "Para que ninguém se iluda, nos Estados Unidos há voto impresso ou em cédula. Voto impresso não é contenção adequada para o golpismo. Aqui no TSE, adotamos a postura de responder com presteza e correção todas as informações falsas divulgadas em relação ao tribunal e ao sistema", afirmou.

"Produzimos respostas com fatos, provas, conhecimento e ciência, sem bravatas. A verdade só liberta aos que querem se libertar", completou, em referência direta ao versículo bíblico João 8:32, usado como "lema" por Bolsonaro.

Bolsonaro sem provas

Falando explicitamente sobre a live do presidente, Barroso afirmou que "quem prometeu apresentar provas de fraude não apresentou” e apontou que os elementos trazidos contra as eleições são "fake news, tudo requintado, amadorístico, sem novidades". O magistrado destacou que a impressão do voto gera risco de quebra de sigilo e de fraude.

"Voto impresso precisa ser transportado em um país que tem roubo de cargas, no país que tem milícias, que tem PCC, que tem Amigos do Norte, Comando Vermelho. Há risco de sumiço e supressão dos votos. A ideia de recontagem manual vai nos levar ao passado de fraudes", disse.

Sobre os ataques pessoais dirigidos por Bolsonaro contra o presidente do TSE, Barroso disse lidar com "indiferença". "Se eu parar para bater boca eu me igualo", afirmou.

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