Bolsonarista Carla Zambelli elogia Carlos Lupi e o PDT por defesa do voto impresso: "Parabéns pelo posicionamento"

O dirigente, que foi endossado pelo presidenciável do partido, Ciro Gomes, sugeriu que há fraude no processo eleitoral brasileiro, tese defendida por bolsonaristas

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A defesa que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, fez do voto impresso, gerou uma avalanche de críticas e tem dominado as discussões nas redes sociais entre esta quinta (27) e sexta-feira (28). Há, porém, os que apoiam a proposta para além dos pedetistas: os bolsonaristas.

Pauta recorrente levantada por Jair Bolsonaro, o voto impresso é usado por ele e por seus apoiadores para vender a tese de que há fraude no processo eleitoral brasileiro, narrativa que foi endossada por Lupi. "Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem a recontagem, a fraude impera", disse o dirigente.

A declaração de Lupi em defesa da proposta gerou elogios da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP).

"Nas últimas décadas, nenhum partido defendeu o voto impresso auditável mais do que o @PDT_Nacional. Parabéns pelo posicionamento, @CarlosLupiPDT. Eleições transparentes, seguras e confiáveis não são pauta 'da direita' ou 'da esquerda', mas DO BRASIL", escreveu a parlamentar, investigada no inquérito das fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), em seu Twitter.

https://twitter.com/CarlaZambelli38/status/1398049305001353218

Na Câmara dos Deputados, está sendo apreciada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis que obriga o voto impresso (PEC 135/19).

O PDT votou favorável à admissibilidade (quando se reconhece a constitucionalidade) do projeto na Comissão de Constituição e Justiça, em 2019. Na ocasião, o parecer do relator Paulo Eduardo Martins (PSC-PR) foi aprovado por 33 a 5. Os únicos partidos a votarem contra foram Cidadania e PP. PSB, Republicanos e MDB se dividiram. O PT liberou também a bancada alegando que era a favor do debate sobre o tema e os três presentes na sessão foram a favor. Confira aqui como votou cada parlamentar.

A proposta defendida por bolsonaristas e endossada pelo PDT é que as urnas eletrônicas imprimam um comprovante de voto que deve ser inserido em uma urna física que possa ser aberta em caso de desconfiança de alguma seção eleitoral. As críticas à ideia se dão no sentido de que a instalação desses "comprovantes" abriria mais espaço para contestação dos resultados e que esses próprios canhotos poderiam ser fraudados, tumultuando o processo.

A urna eletrônica no Brasil, diferente do que diz Bolsonaro, é considerada extremamente segura e o processo eleitoral já é auditado com inúmeras ferramentas, como o registro digital do voto, log da urna eletrônica, auditorias pré e pós-eleição, auditoria dos códigos-fonte, lacração dos sistemas, tabela de correspondência, lacre físico das urnas, identificação biométrica do eleitor, auditoria da votação e oficialização dos sistemas.

Ciro Gomes

O presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) defendeu, assim como o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), o uso do voto impresso nas próximas eleições. Para ele, a defesa do voto eletrônico com cópia impressa, nos moldes propostos pelo presidente do seu partido, Carlos Lupi, “é ser contra Bolsonaro e não a seu favor”.

Ciro considera que, se for implantado, “mataria, por antecipação, sua tentativa de sabotar os resultados do pleito de 2022”.

“Qual o problema em tornar um sistema, que já é bom, em um sistema melhor? Qual o problema de termos uma cópia de segurança impressa, palpável e acima de qualquer suspeita, para eventual checagem?”, pergunta.

Ele acrescenta ainda que “as pessoas votariam em uma urna eletrônica semelhante à atual e seu voto também seria computado eletronicamente. Só que cada urna geraria e armazenaria um comprovante que seria retido por ela, de forma secreta e indevassável”.

Ciro diz também que “o que Lupi defendeu, teoricamente, em uma entrevista, não foi a substituição do voto eletrônico por voto em papel. Mas o aperfeiçoamento da urna eletrônica, tornando-a capaz de gerar um canhoto impresso”.

“Por que esta espécie de rendição, de covardia e fatalismo absurdo que fazem considerar Bolsonaro ‘dono’ de qualquer ideia da qual sua turma se apropria?”, questiona ainda Ciro e encerra: “Basta lembrar que nosso líder imortal, Leonel Brizola, quase vítima do escândalo ProConsult, sempre defendeu a cópia de segurança em papel”.