Bolsonaro agora quer levar luta contra "ideologia de gênero" para Direitos Humanos da ONU

Termo criado por conservadores foi usado para elaborar lendas na campanha presidencial, como o "kit gay" e a "mamadeira de piroca". Crítico da ONU e ainda mais dos Direitos Humanos, Bolsonaro afirmou que candidatura à reeleição do Brasil no conselho de Direitos Humanos exclui a palavra gênero

Bolsonaro e a fake news do Kit Gay, que foi levada ao ar no Jornal Nacional durante a campanha eleitoral (Arquivo)
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As fake news sobre o combate à chamada "ideologia de gênero" - que resultaram em mentiras como o "kit gay" e a "mamadeira de piroca" - propagadas pela campanha de Jair Bolsonaro (PSL) durante as eleições presidenciais em 2018 serão apresentadas nesta quinta-feira (11) pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para pleitear a candidatura do Brasil à reeleição no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, para o triênio de 2020 a 2022. Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo Pelo Twitter, Bolsonaro louvou a pauta da diplomacia brasileira, segundo ele, "ligadas ao fortalecimento das estruturas familiares e a exclusão das menções de gênero". Crítico da ONU e ainda mais dos Direitos Humanos, Bolsonaro pretende garantir a continuidade do Brasil no Conselho da organização excluindo menções a gênero, à desigualdade e à tortura. Também foram excluídas menções à pobreza, à fome e ao desemprego Ao contrário da apresentação da candidatura em 2016, o documento não faz menções ao termo “gênero”, que então aparecia duas vezes. O texto afirmava que o governo brasileiro “persistiria em seu intransigente compromisso para a igualdade de gênero e o empoderamento feminino”, além de reconhecer avanços “na luta contra todas as formas de violência e discriminação de gênero”. A promoção da família, que não era citada na candidatura anterior, é mencionada nove vezes na atual. A exclusão da palavra “gênero” e a entrada da promoção da família acompanha a nova posição brasileira em fóruns internos e internacionais. Nas últimas semanas, durante audiências do Conselho em Genebra, por diversas vezes o Brasil foi contra o uso do termo “gênero” em resoluções da ONU. A insistência brasileira levou o México a retrucar que o termo é consagrado há décadas no direito internacional, estando presente em mais de 200 resoluções do órgão de direitos humanos. As eleições acontecem em outubro, durante a Assembleia Geral da ONU. Há duas vagas para países sul-americanos e do Caribe e entende-se que Brasil e Venezuela serão os únicos candidatos.