Bolsonaro decide que vaga no STF vai para André Mendonça, humilhado por Gilmar Mendes em abril

“Parece que está havendo um certo delírio”, disse Mendes durante julgamento em que o AGU defendia a reabertura de igrejas

André Mendonça (Foto: Divulgação/Palácio do Planalto)
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O presidente Jair Bolsonaro vai cumprir a promessa de indicar um ministro "terrivelmente evangélico" para o Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de não ter certeza de que o nome será aprovado no Senado Federal. O atual chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, deve ser o agraciado com a indicação.

Bolsonaro se reuniu nesta sexta-feira (11) com o procurador-geral da República, Augusto Aras, para comunicá-lo da decisão, que visa cumprir com a promessa feita no passado de agradar a base evangélica.

“Se o Senado quiser rejeitar, é problema deles. Fiz minha parte”, teria dito o presidente, segundo a coluna Radar, da Veja. Em 5 de julho, o ministro Marco Aurélio Mello se aposenta do tribunal.

Diante do possível rechaço a Mendonça, o presidente já deixou o Aras de sobreaviso, segundo a jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico.

Mendonça não tem um bom histórico com o STF. Durante votação sobre a reabertura de igrejas e templos diante do aumento de restrições por conta do recrudescimento da pandemia de Covid-19, em abril, o AGU foi detonado pelo ministro Gilmar Mendes.

“Quando sua excelência fala do problema dos transportes no Brasil, especialmente no transporte coletivo e transporte aéreo com a acumulação de pessoas, eu poderia entender que o senhor estava vindo de uma viagem a Marte, descolado de qualquer responsabilidade institucional com qualquer assunto no Brasil, mas verifiquei aqui que era ministro da Justiça”, afirmou Mendes, em crítica à sustentação oral feita pelo bolsonarista.

"À União cabe legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes. Parece que está havendo um certo delírio neste contexto geral. É preciso que cada um de nós assuma a sua responsabilidade. Isso tem que ficar bem claro, não tentemos enganar ninguém. Os bobos ficaram fora da Corte”, completou.

Ao defender a liberação de aglomerações em igrajas, o chefe da AGU usou passagens bíblicas e deu a seguinte declaração: “Os verdadeiros cristãos não estão dispostos a matar por sua fé, mas estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião e de culto”.

Com informações da Veja e do Valor