Bolsonaro discursa na ONU: relembre o vexame do primeiro discurso

No ano passado, presidente atacou o comunismo, disse que o Foro de São Paulo foi criado por "Fidel, Lula e Chávez", criticou o cacique Raoni e defendeu a exploração de terras indígenas

Foto: Reprodução/YouTube
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O presidente Jair Bolsonaro discursa nesta terça-feira (22) na 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Por conta da pandemia do coronavírus, a fala do ex-capitão será exibida em vídeo que já foi gravado na semana passada. Espera-se que ele dê prioridade a questões sobre o meio ambiente, em função das queimadas na Amazônia e no Pantanal.

O vexame, no entanto, deve mais uma vez marcar a fala do presidente na entidade. No ano passado, o discurso de Bolsonaro na abertura da 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York teve repercussão bastante negativa nas redes. Logo após a sua fala, adjetivos como “show de horror”, “ódio”, “alucinação ideológica” entre outros foram os mais citados entre os internautas.

Relembre o discurso de Bolsonaro na ONU, em 24 de Setembro de 2019:

Comunismo

De maneira anacrônica, Bolsonaro iniciou sua fala atacando o comunismo e o Foro de São Paulo, “criado por Fidel, Lula e Chávez” nos anos 60, e criticando as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que segundo ele fere a “soberania brasileira” ao propor intervenções na Amazônia.

“A história nos mostra que já nos anos 60 agentes cubanos foram enviados a diversos países para implantar o regime comunista.[…] O Foro de São Paulo, organização criminosa criada por Fidel Castro, Lula e Chávez nos anos 60 para implementar o socialismo na América Latina, continua vivo e tem que ser combatido tem que ser combatido“, disse Bolsonaro.

Cacique Raoni

Durante o discurso, Bolsonaro leu ainda uma carta do “Grupo de Agricultores Indígenas do Brasil” e finalizou dizendo que “acabou o monopólio do senhor Raoni”, referindo-se ao cacique Raoni Metuktire, líder indígena brasileiro do povo Caiapó.

“A visão de um líder indígena não representa a visão de todos”, disse o presidente, mencionando a presença de Ysani Kalapalo em sua comitiva, indígena da aldeia Tehuhungu, do Mato Grosso, apoiadora de Bolsonaro desde a campanha eleitoral e conhecida por ter assumido a culpa, em nome dos indígenas, pelas queimadas na Amazônia.

ONGs e exploração de terras indígenas

Em seguida, Bolsonaro disse que as ONGs tratam índios como “homens das cavernas” e que “índio não quer ser pobre em cima de terra rica”.

Ele também defendeu a exploração das reservas indígenas, citando como exemplo as terras Yanomami e Raposa Serra do Sol. “Grande parte das comunidades indígenas têm ouro, diamante, nióbio, entre outros. Esses territórios são enormes (…) Não estão preocupados com o ser humano índio”, disse. 

Mídia internacional

Em seus mais de 30 minutos de fala, o presidente também destinou parte do tempo para criticar a imprensa internacional pela publicação do que classificou como informações “sensacionalistas” sobre os incêndios na Amazônia e disse que é “falácia” afirmar que a floresta é patrimônio da humanidade.

"Os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia internacional devido aos focos de incêndio na Amazônia despertaram nosso sentimento patriótico. É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a nossa floresta é o pulmão do mundo", disse.

Leia a íntegra do discurso aqui.