Bolsonaro diz que "biodiversidade" e Amazônia estão "à disposição" em encontro com empresários em Israel

Repetindo bordões, Bolsonaro falou por 11 minutos e disse que "nós queremos um Israel grande, mas queremos um Brasil grande também, como o Trump quer a América grande

Bolsonaro em Israel (Alan Santos/PR)
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  Por Pedro Moreira, de Jerusalém, especial para a Fórum
No terceiro dia da visita oficial à Israel, o Presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (2) que está à disposição para fazer acordos relacionados com a biodiversidade brasileira. Bolsonaro e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, falaram na abertura de um evento voltado a empresários brasileiros e israelenses, promovido em um hotel em Jerusalém, pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Ao falar dos ministros do governo que o acompanham, disse que o titular do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, comandou a Amazônia e emendou: “Olha o mar de biodiversidade que temos pela frente. Estou à disposição prezado Netanyahu, pra fazermos parcerias e acordos nesse sentido. Eu acho que, com todo respeito à Austrália e outros países, eu acho que ninguém tem a biodiversidade que nós temos. Estamos à disposição nessa área, novos campos a serem descobertos. O que poderá vir da biodiversidade? Eu acho que ninguém sabe ainda. E nós temos e estamos à disposição.” A Fórum está fazendo uma cobertura exclusiva da viagem do presidente Jair Bolsonaro a Israel e precisa do seu apoio. Clique aqui e saiba como ajudar Bolsonaro disse que venceu as eleições contra um cenário adverso. E que seu governo está despertando a confiança do mundo pelo Brasil, atribuindo o fato à escolha de seus subordinados. “Nós temos escolhido uma equipe realmente de pessoas qualificadas, pessoas que tem o seu país, o Brasil, acima de tudo. Nós queremos um Israel grande, mas queremos um Brasil grande também, como o Trump quer a América grande.” Bolsonaro fez referência, mais uma vez, ao grafeno, um tipo de mineral, ao qual ele chamou de material do futuro. “Temos uma universidade, em São Paulo, a Mackenzie, que trata já, há quatro anos, de pesquisaram isso daí. Dizem que, na próxima década, um trilhão de dólares movimentará a economia do mundo das maravilhas do grafeno. Eu não vi aqui, talvez tenha. Se não tiver, vamos trabalhar juntos. Temos a segunda maior reserva de grafite do mundo e estamos à disposição.” Disse, ainda, que tem estudado Israel e que também aqui, durante a visita, percebeu que o país é muito aberto ao mundo. Falou, mais uma vez, que em primeiro de janeiro, nasceu um novo Brasil, livre de questões ideológicas. “Estamos fazendo a nossa parte. Propostas foram encaminhadas ao Parlamento. Tenho certeza que o nosso Parlamento, com a sua responsabilidade e o seu patriotismo nos dará uma resposta a isso.” E afirmou que está tomando outras medidas, como reformas, “a diminuição do peso do Estado, a desburocratização, mudança nas questões escolares, a busca de parcerias junto ao mundo, em especial aqui, em Israel.” Escritório em Jerusalém Ao falar do escritório brasileiro a ser aberto em Jerusalém, foi aplaudido pela plateia, formada, em sua maioria, por empresários. Disse que Brasil e Israel haviam se tornado “noivos, no bom sentido, abrindo aqui uma representação nossa de negócios, de tecnologia, de pesquisa e inovação em Jerusalém, os senhores começam cada vez mais a notar que esse nosso relacionamento veio para ficar. A Fórum está fazendo uma cobertura exclusiva da viagem do presidente Jair Bolsonaro a Israel e precisa do seu apoio. Clique aqui e saiba como ajudar E agradeceu, no mesmo tom de proximidade que tem marcado a relação entre ele e o primeiro-ministro israelense. “Muito obrigado, prezado irmão Benjamin Netanyahu.” O Presidente falou por cerca de onze minutos, aparentemente de improviso, de pé, no palco do evento. Antes, ele e Netanyahu haviam visitado estandes de empresas de tecnologia. O primeiro a falar na abertura do evento foi Netanyahu. Com o apoio de slides exibidos em telões no palco, num estilo muito usado por ele em apresentações ao público. Por cerca de quatorze minutos, mostrou, em inglês, números positivos da economia israelense. Disse, por exemplo, que o país ultrapassou o Japão no indicador de PIB per capta – a soma de todas as riquezas produzidas por um país, dividida pelo número de habitantes. Falou, também, que o PIB israelense cresceu 4,4% no ano passado. E, repetindo um gesto recorrente nessa visita, falou das relações entre os dois países. “Nós temos uma irmandade, nossas civilizações começaram aqui nessa cidade há milhares de anos, nós compartilhamos nossas caminhadas, nós compartilhamos nossas tradições, como uma grande árvore de raízes profundas e galhos que se estendem até os céus. E eu acredito que não há parceria melhor do que a parceira entre Brasil e Israel.” Para o restante desta terça-feira, a agenda do Presidente foi modificada. O encontro com integrantes da comunidade brasileira previsto para a manhã desta quarta-feira (3), foi antecipado para hoje. E será algo menor que o planejado. Ao invés de visitar a comunidade de Raanana, que fica a cerca de 76 km de Jerusalém, um grupo de 25 representantes virá se encontrar com Bolsonaro no hotel em que ele está hospedado. Com isso, o retorno ao Brasil será antecipado em duas horas, na manhã desta quarta-feira. O porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que a mudança ocorreu por motivos logísticos e de segurança. Não haverá, também, a visita a uma empresa de tecnologia que fabrica componentes para automação de carros. De acordo com a assessoria do Itamaraty, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não iria mais acompanhar Bolsonaro no compromisso, em que estava previsto um passeio a bordo de um veículo autônomo (sem motorista). Está mantida a visita ao Museu do Holocausto e o plantio de uma muda de oliveira no Bosque das Nações. No local, há oliveiras plantadas por vários chefes de Estado.