"Bolsonaro está querendo imitar o Trump de novo", diz Lula sobre insinuações de fraude nas eleições de 2022

Em entrevista à Rádio Folha de Pernambuco , Lula afirmou ainda que Bolsonaro "tem responsabilidade direta pelo fracasso que nós tivemos na pandemia"

Lula - Foto: Ricardo Stuckert
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Por: Armando Holanda (@oarmadoholanda), especial para a Fórum

Cotado para concorrer ao Palácio do Planalto em 2022, o ex-presidente Lula (PT) vem, desde o início deste mês, costurando alianças com lideranças do centro, a exemplo do MBD. Também seguiu conversando com o PSD. Durante entrevista à Rádio Folha de Pernambuco na manhã desta quarta-feira (19), o líder petista fez uma análise da CPI, falou sobre planos para eleições e vaticinou que atritos em eleições passadas, citando o caso João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), em 2020, precisam ficar no passado. Criticou também a atitude do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) de dizer que ele é um corruptor.

Sobre a CPI, Lula (PT) destacou que ela está cumprindo o seu papel. Criticou a participação dos ex-ministros na Comissão Parlamentar de Inquérito, afirmou que os depoimentos são mentirosos e inconsistentes. Além disso, teceu críticas ao gerenciamento da Pandemia pelo governo federal. “Penso que a CPI está cumprindo um papel importante que é estabelecer a verdade nua e crua do que aconteceu. Ele [Bolsonaro] continua ‘teimando’ que as pessoas não deveriam ficar isoladas. Ele deveria usar máscara e divulgar isso”, destacou o presidente Lula.

“O que é que faz o cidadão que trabalha no setor de comunicação ser negociador de vacina? Não tem nada haver. Ele foi mentir lá. Você vê que o ex-ministro de relações exteriores mentiu ontem. Disse que não falou nada da China, que não atrapalhou nada”, criticou o ex-presidente. Ele complementa: “Esse cidadão [Bolsonaro] tem responsabilidade direta pelo fracasso que nós tivemos na Pandemia. Temos que apurar quem foi o responsável por esse descompasso que agora o governo federal quer jogar nos governadores, que foram vítimas de uma incompetência do governo federal”.

A deputada federal Marília Arraes (PT) também foi assunto da entrevista. Lula falou sobre as divergências entre antigos aliados - PT e PSB - e disse que isso deveria ficar pra trás. Mas, reforçou que Marília tem o “aval” para concorrer no Estado em 2022. “Que Marília continue na sua briga, ela tem o direito e o interesse de disputar”, vaticinou à Rádio Folha.

Na entrevista, o ex-presidente defendeu o aumento do auxílio emergencial para o valor de R$600. Questionado sobre os caminhos nacionais para 2022, ele criticou que os políticos estejam com olhos apenas nisso. Falou que a situação é grave e que o que precisamos discutir são as vacinas. “O que eu acho grave é que nós não estamos em momento de discutir eleições de 2022. Temos que discutir vacina que é a única coisa que dará liberdade ao povo brasileiro. O povo trabalhador tem que pegar o ônibus, trabalhar… vamos brigar pela vacina pelo direito de liberdade com vida. Enquanto a gente tá nessa crise profunda é preciso ajudar pessoas desabrigadas no quesito financeiro”, reforçou.

Em movimentos recentes, Lula esteve por Brasília para conversar com representantes do centrão, entre eles o MDB e o PSDB. Sobre esses encontros, ele ressaltou que são frutos de escutas para entender o que partidos do centrão estão de olho vindo de um presidente. “As conversas que eu tive com políticos em Brasília… não tratem o centrão como um partido único. O centrão é uma difusão enorme de partidos políticos de diferentes interesses para os estados. Ao apagar das luzes da Câmara, cada partido tem interesse para o seu estado. O que eu tenho pedido para o PT é conversar individualmente com cada partido político para entender as alianças políticas. Conversar com o presidente da Câmara é conversar com o presidente da Câmara, conversar com o líder é outra coisa. O que nós temos é que conhecer esses múltiplos interesses regionais e conversar. Semana que vem converso com movimentos sociais, intelectuais e prefeitos”, pontuou.

A entrevista também questionou ao ex-presidente o que ele enxergava sobre o voto impresso. Ele ponderou que: "O Bolsonaro está querendo imitar o Trump de novo… Dizendo que se não tiver voto impresso vai ter fraude eleitoral. Fraude eleitoral foi a eleição dele, que me prenderam pra eu não ser candidato, e ainda ganharam na base das fake news".

FHC concedeu, recentemente, entrevista à TV Globo, falou que votaria em Lula se ele enfrentasse Bolsonaro. Sobre isso, Lula explicitou que: “Eu votaria e faria campanha se fhc disputasse contra bolsonaro, eu gosto de pessoas civilizadas, que mesmo que não gostem de mim e tenha minha ideologia, que seja uma pessoa preparada para o debate, é isso que eu gosto”.

O ex-presidente afirmou que Bolsonaro não está entre essas pessoas civilizadas com as quais ele teria a decência de ir a um debate. “Ele foi preparado para ser um miliciano e é isso que ele faz perfeitamente bem na presidência da república. Ao invés de comprar livro ele quer arma, quando na verdade precisamos de livro, educação e investimento na tecnologia”, cravou Lula.

Sobre desavenças provocadas por Ciro Gomes (PDT) em uma entrevista ao Valor Econômico nessa segunda (17), Lula não mediu palavras e disparou que não entrará na briga do pedetista porque não o enxerga enquanto um adversário. Para Lula, ele é apenas um cidadão qualquer. “Eu adoraria dizer que o Ciro é um amigo. Mas infelizmente ele não quer. Mas eu aprendi uma teoria com a minha mãe Dona Lindu: quando um não quer, dois não brigam. Não farei jogo rasteiro”, afirmou.

“O problema do Ciro é que ele só gosta dele mesmo, faz política para ele e gosta de agradar os próprios ouvidos. eu não sou assim, fui criado em movimento de massa. o PT é meu primeiro e único partido, não uso partido como escada para chegar a algum cargo. Não pretendo sair do PT, se um dia o PT acabar eu acabo junto”, finalizou Lula.