Bolsonaro já publicou fotos com Moro e Eduardo Bolsonaro armado em internações

Presidente, que está novamente com obstrução intestinal, transforma suas idas ao hospital em política através de fotos com parlamentares, ministros e apoiadores, sempre com ampla divulgação nas redes sociais

Jair Bolsonaro internado recebendo visitas de Sergio e Rosangela Moro e do filho, Eduardo, que exibe uma arma no hospital (Fotos: Reprodução redes sociais Jair Bolsonaro)
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Jair Bolsonaro (PL) já passou por seis cirurgias desde que foi eleito presidente do Brasil em 2018, quando construiu parte de sua campanha eleitoral em cima da facada que recebeu de Adélio Bispo. Agora, ele tenta resgatar esse “coitadismo”, em meio à reprovação ao seu governo, que chegou ao pior nível, de 53%.

Mas essa não é a segunda vez que Bolsonaro transforma suas internações em política. Suas idas ao hospital são motivos para fotos com parlamentares, ministros e apoiadores, sempre com ampla divulgação nas redes sociais. Uma das pessoas incumbidas de mostrar o estado de saúde do presidente é sua esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que cuidadosamente prepara a figura do marido como uma vítima.

As visitas ao presidente, porém, não se restringem à família, e registram algumas bizarrices, como a vez em que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) posou para uma foto com o pai com uma pistola na cintura. Na época, o hospital Vila Nova Star, onde Bolsonaro costuma ficar internado, afirmou que "não permite a entrada de pessoas armadas, salvo as exceções previstas em lei".

"O hospital Vila Nova Star acolhe integralmente a legislação legal brasileira. Cabe citar, além disso, que as normas de segurança que regem a internação do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro, neste hospital são de responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional, a quem o questionamento deve ser dirigido", disse em nota.

Em setembro de 2019, em sua quarta operação, desta vez para corrigir uma hérnia causada por uma das operações anteriores, o que é comum em procedimentos no intestino, Bolsonaro recebeu a ilustre visita do ex-ministro Sergio Moro (Podemos), hoje seu desafeto.

Na ocasião, Moro publicou uma foto nas redes sociais e disse que havia tido uma conversa agradável com o presidente e a primeira-dama. "O homem é forte", escreveu.

Em julho deste ano, quando foi internado também para tratar uma obstrução intestinal, Bolsonaro e Michelle receberam no hospital o maquiador Agustin Fernandez. Parecido com o que fazem influenciadores digitais, a primeira-dama também se ocupou de mostrar presentes recebidos e a interação do marido com pacientes em stories no Instagram.

Desta última vez, se limitou a publicar versículos bíblicos e mensagens agradecendo as orações e mensagens de carinho. Bolsonaro (PL) se internou às pressas no luxuoso hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (3). No almoço de domingo, primeiro dia do ano eleitoral de 2022, ele afirmou ter “passado mal”

Quais foram as internações e cirurgias de Bolsonaro

Desde que levou uma facada em setembro de 2018, Bolsonaro já passou por seis cirurgias, nem todas relacionadas ao ataque, e foi internado oito vezes. A primeira delas ocorreu logo depois da facada, ainda em Juiz de Fora (MG).

Levado às pressas a Santa Casa de Misericórdia da cidade, um ultrassom indicou a necessidade de uma cirurgia de emergência. Dois dias após o primeiro procedimento, o então candidato foi levado para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e foi submetido a uma segunda cirurgia, quando foi feito um procedimento de desobstrução que retirou aderências de seu intestino delgado.

Em janeiro de 2019, ele retirou a bolsa de colostomia que usava devido aos últimos procedimentos. Em setembro do mesmo ano, corrigiu uma hérnia causada por uma das operações anteriores, o que é comum em procedimentos no intestino.

Em janeiro de 2020, o presidente foi internado para a realização de exames e fez também uma vasectomia, cirurgia que não foi confirmada oficialmente pelo Palácio do Planalto. Em setembro de 2020, o presidente retirou um cálculo renal através de uma cistolitotripsia endoscópica, procedimento pouco invasivo. Esta foi a sexta e última cirurgia desde então.

Em julho de 2021, ele foi internado também em decorrência de uma obstrução intestinal, que consiste em um bloqueio parcial ou total da passagem das fezes pelo intestino. Na época, foi descartada a cirurgia, e Bolsonaro ficou apenas alguns dias no hospital.