Em entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, o ex-presidente Lula (PT) concordou com a anulação da posse de Alexandre Ramagem, amigo dos filhos de Jair Bolsonaro, para a Polícia Federal. O petista defendeu que o direito do presidente em indicar ministros e delegados, desde que não ocorra uma interferência política na instituição.
"Não acho que o presidente não possa indicar, o que importa é tratar a instituição de forma republicana. Não pode um delegado estar a serviço do presidente, tem que estar a serviço do Estado", afirmou o ex-presidente.
"Tem alguma relação suspeita? Se tiver, para o bem da própria instituição, não pode indicar. Não pode indicar alguém que tenha um compadrio com a família do presidente. O Moro não prestou conta pra ninguém quando mandou a República de Curitiba na PF", continuou.
Ao ser questionado sobre o elogio do ex-ministro aos governos petistas, que defenderam a autonomia da PF, Lula diz que Moro usou o PT apenas para atacar Bolsonaro. "Ele foi o lambe-botas de Bolsonaro até o dia que saiu. Ele poderia dizer não apenas que cuidamos da PF bem, mas do MPF também", afirma.
Eleições de 2022
Sobre a possível participação de Sergio Moro nas eleições presidenciais de 2022, Lula opina que o ex-juiz não teria capacidade para participar de debates e ir para a rua.
"Moro não tem estatura política para ser ministro da Justiça. Moro sem a toga, não é ninguém. Quero ver se ele tá preparado para participar de debate, ir pra rua. Ele não vai pra segundo turno em nenhuma eleição que tenha debate", disse.
"O Moro é uma cria da Globo, quando a Lava Jato foi instituída, ele visitou a redação de todos os jornais e revistas para dizer que precisa de apoio da imprensa", continuou o ex-presidente.