Bolsonaro coloca Onyx para atacar denunciantes do escândalo Covaxin

Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI do Genocídio, reagiu: "Covarde"

Onyx Lorenzoni e Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O governo Jair Bolsonaro convocou uma coletiva de imprensa de surpresa nesta quarta-feira (23) para comentar sobre as denúncias envolvendo o suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, da Bharat Biotech. O ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, disse que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) "inventou essa história" para conseguir algo do governo.

“Não houve favorecimento a ninguém, não houve sobrepreço. Tem gente que não sabe fazer conta. Não houve compra alguma, não há um centavo que tenha sido despendido pelo caixa do governo federal", disse o ministro sobre o escândalo. Bolsonaro teria dado aval para a compra da Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, havia sido anunciado pela própria fabricante.

O governo Bolsonaro poderia ter comprado a vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech por 100 rúpias ou cerca de 1,34 dólares a dose, mas preferiu comprar de uma intermediária brasileira, a empresa Precisa Medicamentos, pelo valor de 15 dólares a unidade. Fez isso ao mesmo tempo que rejeitava a compra da vacina da Pfizer a 10 dólares alegando preço muito alto.

Onyx afirmou que o governo Bolsonaro "vai continuar sem corrupção" (sic) e fez insinuações contra o parlamentar e o irmão dele, que é servidor do Ministério da Saúde. "Por que ele inventou essa história? O que os dois irmãos queriam na casa do presidente no dia 20 [de março]? [...] Deus tá vendo, mas o senhor não vai só se entender com Deus, não. Vai se entender com a gente”, disse, em tom de ameaça.

O ministro falou em “má-fé” e “denúncia caluniosa” e disse que Bolsonaro teria mandado a Polícia Federal (PF) investigar os dois irmãos.

Miranda disponibilizou para a imprensa as mensagens enviadas a um secretário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) onde prova que denunciou a pressão pela compra da Covaxin antes da confirmação chegar ao Ministério Público Federal (MPF).

A postura do governo irritou o vice-presidente da CPI do Genocídio, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). "É descoberto um enorme esquema de corrupção. A CPI da Covid passa a investigar e a colher provas. O que o Governo faz? Investiga a denúncia? NÃO! O Governo vem a público e faz clara ameaça aos denunciantes do esquema. Ato de COVARDES!", escreveu no Twitter.

O parlamentar ainda expôs uma nota de empenho da Precisa Medicamentos, que só foi paga, segundo ele, "porque o servidor denunciou". "Já estava tudo pronto!", ressaltou.

https://twitter.com/randolfeap/status/1407814924873703429
https://twitter.com/randolfeap/status/1407815807124525056