Boulos acha estranha ação contra Ciro, que disputa terceira via com Moro, "o rei do lawfare"

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, líder do MTST disse que discorda de uma possível aliança entre Lula e Geraldo Alckmin e que o "casamento" não deve se concretizar

Foto: Reprodução/Youtube
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O líder do MTST e político do PSOL, Guilherme Boulos, afirmou nesta quarta-feira (15) em entrevista ao Fórum Onze e Meia que a operação da Polícia Federal feita contra o candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) é um ato de "lawfare e perseguição política", além de "esquisita" para o momento político, em que Sergio Moro (Podemos) tenta se projetar como opção da terceira via nas eleições para 2022.

"Da mesma forma que denunciamos quando isso aconteceu com o Lula, com a Dilma, durante o golpe, é importante denunciarmos também quando acontece com Ciro, independente das opções e caminhos políticos que ele resolveu tentar. É muito esquisito requentar uma investigação de 10 anos atrás nesse momento, quando o adversário político mais direto na disputa pela terceira via é justamente Sergio Moro, o rei do lawfare", afirmou Boulos.

Nesta manhã, foi deflagrada uma operação da Polícia Federal de busca e apreensão contra Ciro e o irmão dele, o ex-governador do Ceará e senador Cid Gomes. A ação tem como objetivo desmontar um esquema de fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio Castelão, em Fortaleza (CE), entre os anos de 2010 e 2013.

Para Boulos, Moro não chegará longe como 3ª via

O ex-candidato à prefeitura de São Paulo citou o levantamento divulgado nesta terça-feira (14) pelo Instituto de Pesquisas e Comunicação (Ipec), que mostra que Lula venceria em primeiro turno, Jair Bolsonaro (PL), teria 25,3%Sergio Moro (Podemos), 9,2%Ciro Gomes (PDT), 5,7%.

Para Boulos, o setor lavajatista permanece "ativo dentro do Judiciário e da Polícia Federal para poder abrir mais espaço para Moro". Além disso, o ex-juiz conta com o apoio da grande mídia e de parte do establishment. Mesmo assim, o psolista não considera que o ex-ministro chegará muito longe.

"Se não acontecer nenhum fator imponderável, mesmo com todos os esforços que tem tido para alçar Moro ao herói nacional, querer trazer a narrativa da Lava Jato, botar o Moro até pra falar papagaiada de economia... Mesmo com esse esforço, acho que é muito difícil a viabilização da terceira via e a polarização tende a ser entre Lula e Bolsonaro", disse Boulos.

Chapa com Lula e Alckmin

Questionado sobre uma eventual chapa com Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) como vice, Boulos afirmou que apoiará o petista independente da escolha, mas disse não considerar viável esse casamento. Ambos participarão de um jantar do Grupo Prerrogativas nesta sexta-feira (17).

"Tenho dúvidas se interessa. Alckmin perde parte do seu eleitorado de São Paulo, que é muito conservador, e que ele vai entregar de bandeja para o Rodrigo Garcia. Para o Lula, o que o Alckmin agrega? Seria só São Paulo, mas é muito duvidoso que um conservador de SP vote no Lula porque o Alckmin é vice. Se [Lula] quiser dar um gesto mais moderado poderia escolher outros nomes que agregassem mais", analisou o psolista.

Além disso, ele ressaltou que, se a aliança se concretizar, será um "péssimo sinal". "Primeiro, de um ponto de vista simbólico, do que Alckmin representa para São Paulo. Ele jogou bomba em professor, fechou as escolas... Você ter um vice de centro direita, é muito arriscado, não vejo a necessidade de [Lula] correr esse risco."

Assista ao programa na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=euiIG4j3bH8