Boulos diz que Justiça mantém o ‘padrão Lava Jato’ ao acatar denúncia por ocupação do triplex

“É uma excrescência jurídica. A denúncia do MPF é um show de politização do Judiciário. Fizeram uma peça de perseguição política. Não tem nenhum fundamento”, disse o líder do MTST

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O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, classificou como uma “farsa” a decisão da Justiça de aceitar denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra ele e dois militantes do MTST pela ocupação do triplex no Guarujá, em 2018. Para ele, a Justiça, com a atitude, mantém o ‘padrão Lava Jato’.

O ato ocorreu em protesto contra a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“É uma excrescência jurídica. A denúncia do MPF é um show de politização do Judiciário. Fizeram uma peça de perseguição política. Não tem nenhum fundamento. O artigo que eles usaram é de ‘dano à coisa própria’, porque o Lula, em um primeiro momento, também estava indiciado, então eles diziam que o triplex era do Lula e que a ocupação era um dano à coisa própria. Só que o Lula depois deixou de ser indiciado, não foi denunciado. E eles mantiveram o artigo”, afirmou Boulos em entrevista a CartaCapital.

De acordo com o MPF, eles teriam cometido o crime de “destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção”, como indica o artigo 346 do Código Penal. A pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão, mais multa.

“Em tese, eles querem dizer que o triplex é meu e do MTST, ou dos outros dois militantes. É um escândalo. Nós vamos recorrer, naturalmente. Nosso advogado está preparando o recurso. Isso não para em pé, não se sustenta. É a nova farsa do triplex”, disse Boulos. Para ele, “a Justiça “junta perseguição política com criminalização do movimento social”.

Boulos disse ainda que o modus operandi dessa decisão judicial, por meio da “politização da Justiça”, mantém o ‘padrão Lava Jato’.  “O procedimento de perseguição política, sem nenhuma base jurídica, é o mesmo. É isso que está em jogo na denúncia que foi apresentada.”

“Aquela foi uma manifestação simbólica do MTST e da Frente Povo Sem Medo, para denunciar uma arbitrariedade que foi cometida contra o ex-presidente Lula. E cumpriu o seu papel”, avaliou. “Eu nem estava lá, demonstrei isso no processo. Eu era pré-candidato à Presidência da República e estava em uma reunião partidária no mesmo momento. Mas a ação foi legítima”, encerrou.

Com informações da Carta Capital