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Diplomatas receberam instruções oficiais do comando do Itamaraty para que, em negociações em foros multilaterais, reiterem “o entendimento do governo brasileiro de que a palavra gênero significa o sexo biológico: feminino ou masculino”. É o que mostra reportagem de Patricia Campos Melo, na Folha, desta quarta-feira (26).
A determinação segue a linha de pensamento do ministro das Relações Exteriores, o olavista Ernesto Araújo, e do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro. Ambos ignoram o conceito de que gênero e orientação sexual são construções sociais.
Para Camila Asano, coordenadora da Conectas Direitos Humanos, essa medida pode “comprometer a credibilidade internacional do país”. “Se tal ordem não for imediatamente revertida, o Brasil se unirá a diplomacias que propagam posições retrógradas em espaços internacionais, ignorando avanços nacionais e globais na luta contra desigualdades e preconceitos”, afirmou na Folha.
Em discurso no Itamaraty em 10 de junho, o chanceler afirmou, que hoje em dia "não tem mais nação, onde você não tem mais família, não tem mais homem e mulher”.
“Uma das razões para conceder refúgio é a perseguição, incluindo por questões de orientação sexual e identidade de gênero. Se o Itamaraty orienta seus diplomatas dessa forma, o Brasil pode se distanciar de países que acolhem refugiados perseguidos justamente por essas razões. Isso mancha a reputação do país como referência na agenda de proteção a refugiados”, disse Asano.