Enquanto o ministro Gilmar Mendes lia seu extenso voto durante a sessão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que analisa pedido de suspeição contra o ex-juiz Sergio Moro, a ministra Cármen Lúcia deixou escapar uma crítica à Operação Lava Jato diante dos arquivos da Operação Spoofing. A magistrada havia votado contra o HC 164.493.
"Interceptação de escritório de advocacia é coisa de regime totalitário", disse Mendes enquanto lia parte dos diálogos travados entre procuradores do Ministério Público Federal e o ex-juiz Sergio Moro, obtidos através Operação Spoofing.
O magistrado havia questionado os demais colegas sobre essa situação. Cármen Lúcia, então, responde endossando Gilmar: "Gravíssima".
Apesar de breve, o comentário da ministra indica uma possível mudança de posição. Antes do ministro Gilmar pedir vistas do processo em dezembro de 2018, Cármen Lúcia havia votado contra o HC - acompanhando o ministro Edson Fachin. Naquela altura, as conversas da Vaza Jato ainda não haviam sido divulgadas.
Ainda nesta sessão, Cármen Lúcia contrariou o relator e acompanhou a maioria do colegiado no sentido de manter a apreciação da suspeição mesmo com o recurso de Fachin que anulou todas as condenações contra Lula.
Durante seu voto, Mendes fez duras críticas a Moro e à Lava Jato e considerou a condução coercitiva de Lula como um espetáculo de caráter policialesco. "Foi ordenada uma espetaculosa condução coercitiva sem que fosse oportunizada sus intimação para comparecimento em juízo. Foi um hediondo estado-espetáculo de caráter policialesco", declarou.
Lendo as conversas, Mendes ainda criticou o "consórcio entre juiz e procuradores".
O ministro ainda afirmou que Moro gerenciava projeto de poder que passava pela deslegitimação do PT e de Lula e o julgamento se trata do "maior escândalo judicial da nossa historia”.
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