Caso Atibaia: Testemunha diz que força-tarefa da Lava Jato coagiu mulher e filho de 8 anos

Pedreiro diz que a criança precisa até hoje de acompanhamento psicológico em razão do trauma sofrido com a abordagem dos agentes

Foto: PT na Câmara
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Testemunhas do caso do sítio de Atibaia fizeram graves denúncias ao juiz Sergio Moro contra a Polícia Federal e o Ministério Público Federal nesta quarta-feira (20). Elas afirmam que os integrantes da força-tarefa da Lava Jato cometeram crimes de abuso de autoridade para obter os depoimentos. Em um dos casos, o irmão do caseiro do sítio afirmou que a esposa e o filho de oito anos foram retirados de casa pelos agentes sem que houvesse mandado de condução coercitiva ou a presença de um advogado. O eletricista Lietides Pereira Vieira, irmão de Élcio Pereira Vieira, o caseiro do sítio conhecido como Maradona, declarou a Moro que em março de 2016, agentes da PF e do Ministério Público retiraram sua esposa de casa às 6h da manhã para prestar depoimento. A esposa, segundo contou ao juiz, trabalha como faxineira e fez a limpeza do sítio algumas vezes a pedido de Fernando Bittar, proprietário do sítio. "Estavam armados, com roupa tipo do exército, camuflada, e com armas na mão". Perguntaram para ela se já tinha visto presidente Lula no sítio. Perguntaram para quem ela trabalhava. Ela disse que era para o Fernando Bittar", contou o eletricista. Vieira disse que a criança precisa até hoje de acompanhamento psicológico em razão do trauma sofrido com a abordagem dos agentes da PF e do MPF. O modus operandi dos agentes da Lava Jato foi descrito por outro irmão do caseiro, o pedreiro Edvaldo Pereira Vieira. Ele contou a Moro quue foi procurado por pessoas que se apresentaram como agentes do MP. O pedreiro afirmou que a forma da abordagem provocou intimidação e constragimento. O juiz perguntou se Vieira se sentiu ameaçado pelos agentes. "Ameaçado não, doutor. Mas teve um tom bem forte, eu me senti constrangido", retrucou o pedreiro Reação na tribuna da Câmara Os depoimentos das testemunhas provocaram reações quase que imediatas na Câmara. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) chamou de "sequestro" a ação dos agentes da força-tarefa da Lava Jato. “Isso é sequestro. É coação de testemunha. Isto é o que nós temos denunciado nesta casa, o que acontece diariamente nesta ‘República de Curitiba’ por esses juízes e procuradores que rasgaram a Constituição e perderam o limite, perderam qualquer escrúpulo diante da sua sanha criminosa de perseguir a tudo e a todos em busca de seus objetivos”, disse o deputado. Esse Parlamento tem o dever de levantar uma voz e dizer basta! Em defesa da democracia e do Estado democrático de Direito, basta aos desmandos da Lava Jato!”, completou o líder da bancada petista. O repúdio à forma de abordagem dos agentes da Lava Jato foi seguido pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ). Ele contou que ainda naquele ano de 2016 apresentou representação contra os procuradores da Lava Jato. “São useiros e vezeiros em se valer de práticas arbitrárias fascistas de coação bem ao estilo Lava Jato”, criticou Damous.