“Caso eu seja presidente, vamos fazer muito mais do que já fizemos”, diz Lula em visita ao padre Julio

O ex-presidente e sua noiva Janja foram doar roupas às pessoas em situação de rua cuidadas pelo padre Julio Lancellotti: “Dar emprego, comida e moradia aos pobres não custa nada para o Estado”

Foto: Ricardo Stuckert
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Em visita ao padre Julio Lancelllotti, nesta terça-feira (25), o ex-presidente Lula declarou que “dar emprego, comida e moradia aos pobres não custa nada para o Estado”. Ele disse, ainda, que a busca pela cidadania dessas pessoas é que o fez querer voltar à presidência.

“Não me deixaram em 2018. Mas tenho 75 anos e com energia de 30, pois tenho certeza que só se resolvem os problemas do país resolvendo primeiro os problemas dos pobres”, afirmou.

“Caso eu seja presidente novamente, já avisei ao PT que vamos fazer muito mais do que já fizemos para voltar a incluir o pobre no orçamento da União. Pobre não é estorvo, mas é a razão de o Estado existir”, acrescentou Lula.

O ex-presidente esteve acompanhado de sua noiva, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. Ambos foram doar várias roupas para as pessoas em situação de rua, cuidadas pelo padre Julio, inclusive da mãe de Janja, que morreu recentemente, vítima da Covid-19.

Lula ressaltou que um dos seus maiores orgulhos durante o tempo em que ocupou a presidência foi o contato com o povo trabalhador, inclusive os que vivem em situação de rua.

“Eu nunca vi tanta gente na rua como tenho visto. Tanta criança pedindo esmola, passando fome. E o mundo vendo no noticiário bilionário comprando iate de 400 milhões de dólares”, afirmou.

O ex-presidente relatou que sempre que o perguntam qual o momento mais marcante que teve na presidência ele mencionou um em particular que o orgulha muito: “O dia que recebi os catadores no Planalto e todos os anos quando dava 23 de dezembro e eu vinha participar do Natal dos Catadores e da população em situação de rua”.

“Acredito que o ódio pelo PT, pelo Lula e pela Dilma surgiu porque nós nos dedicamos a ajudar os pobres. Eu sempre cuidei dos necessitados. Se eu estivesse jogando golfe com os ricos não haveria preconceito. A verdade é que a escravidão nunca acabou nesse país. Quando assinaram a lei para libertar os escravos deixaram eles sem emprego, sem comida, sem casa. O pior é que são chamados de vagabundos até hoje, o que fortalece o preconceito”, destacou Lula.

O ex-presidente não deixou de criticar Jair Bolsonaro. “No domingo (23), o presidente foi ao Rio de Janeiro fazer um passeio de moto. Ele não teve sequer a coragem de visitar a favela onde a polícia matou 28 pessoas. Não disse uma palavra e não demonstrou nenhuma solidariedade com as famílias dos mortos pela Covid. Seu ex-ministro, com desfaçatez, estava lá sem máscara e sem remorso por carregar nas costas parte desses milhares de mortos. Não vou ser eu, nem o PT e nem o Julio. Quem vai derrubar esse fascista é o povo”, apontou.

Apelo

Padre Julio agradeceu a visita e disse que Lula alimenta a esperança de que a “tempestade tenebrosa que o país está atravessando passe logo. A gente não aguenta mais”.

Ao final do encontro, uma mulher em situação de rua, muito emocionada, abraçou Lula e apelou para seu retorno à presidência. “Se ele não voltar, vai morrer muito mais gente. Se ele estivesse lá, haveria vacinas para todos”.

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