Celso Amorim: "Bolsonaro é uma atitude de profundo egoísmo misturado com megalomania"

Ex-ministro diz que presidente acredita saber mais do que cientistas, mas que será enfraquecido com o agravamento da pandemia

Foto: Antônio Araújo / Câmara dos Deputados
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Ex-ministro das Relações Exteriores de Lula e ex-ministro da Defesa de Dilma Rousseff, Celso Amorim, disse que o presidente Jair Bolsonaro expõe um comportamento "egoísta" e "megalomaníaco" ao defender o fim do isolamento social durante a pandemia do coronavírus, contrariando as principais autoridades de saúde do país e do mundo.

"Bolsonaro é uma atitude de profundo egoísmo misturado com megalomania. Ele acredita que sabe mais do que cientistas, mais do que ninguém. Não se sabe bem o que o inspira a ter essa atitude, porque se houver um agravamento da pandemia, o que certamente vai ocorrer, o mais enfraquecido será ele", opinou o ex-ministro, em entrevista ao portal argentino Contexto.

Amorim também criticou a inação de Bolsonaro diante da pandemia, sustentando que a imagem do presidente está em declínio, mas que “ele ainda tem um grupo de fãs que o apoiam”.

"Como você vai permanecer no poder é uma grande questão", disse, acrescentando que existe uma oposição crescente ao governo Bolsonaro, inclusive de pessoas do "centro" ou que não estão alinhadas aos ideais progressistas.

Amorim, no entanto, vê com temor a celebração de militares do governo e do Exército no aniversário do golpe militar, nesta terça-feira (31).

"Pela primeira vez, há uma declaração conjunta do Ministro da Defesa e dos três chefes militares, dos comandantes das diferentes forças, afirmando que o o golpe militar foi um marco importante na democracia brasileira. Tudo isso é enlouquecedor. O Brasil parece encurralado entre a atitude insana de Bolsonaro e os militares que exaltam o golpe", lamentou.