Celso Amorim diz que Lula deve estreitar relações com a China: "Economia que mais cresce"

Ex-chanceler, Celso Amorim evita falar de um possível retorno ao Itamaraty caso Lula vença as eleições de outubro. "Vamos atravessar essa ponte quando chegarmos lá"

Lula, com Celso Amorim e Aloizio Mercadante, no encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron (Foto: Ricardo Stuckert)
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O discurso ideológico de Jair Bolsonaro (PL) e seu clã que causou diversas rusgas com países aliados, em especial com a China, será devidamente enterrado caso Lula (PT) volte à Presidência em 2023.

Em entrevista à Reuters, o ex-chanceler Celso Amorim disse que a política externa brasileira será "pragmática e não ideológica" se Lula voltar ao poder e que a relação com a China será estreitada novamente.

"Você não pode ignorar o fato de que a China é a economia que mais cresce e será a maior economia do mundo até o final da década", disse Amorim.

Diferentemente do que fez Bolsonaro em relação à subserviência aos interesses dos EUA, principalmente na era Donald Trump, Lula deve retomar parcerias fortes como a que formatou o Banco dos BRICS, instituição financeira com aportes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para fazer frente à hegemonia do Federal Reserve (FED) e organismos como o Banco Mundial e o Fundo Monetária Internacional (FMI), mantidos sobre influência do governo estadunidense.

Entre os imbróglios causados por Bolsonaro na relação com a China, Amorim cita os atrasos na obtenção de equipamentos de saúde e ingredientes ativos de vacinas para combater a pandemia de COVID-19 e os ataques à empresa Huawei, que negocia a venda de equipamentos para a rede 5G.

Amorim defende a descentralização das relações internacionais para o Brasil não "colocar todos os nossos ovos na mesma cesta" e desconversa sobre a possibilidade de voltar ao Itamaraty se Lula vencer a eleição. "Vamos atravessar essa ponte quando chegarmos lá".