Celso de Mello não se intimida e nega acesso de Flávio Bolsonaro a depoimento de Paulo Marinho

Em sua decisão, Mello, que é relator da investigação sobre interferência de Jair Bolsonaro na PF, justificou a decisão dizendo que o inquérito é sigiloso e que apenas o presidente e Sérgio Moro são investigados

Celso de Mello e Jair Bolsonaro (Foto: Montagem)
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Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), deu mais uma mostra que não deve recuar diante de ataques e ameaças de bolsonaristas e do próprio presidente ao negar pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para ter acesso ao depoimento do empresário Paulo Marinho, que será ouvido pela Polícia Federal a partir das 9h desta terça-feira (26) no Rio de Janeiro.

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Em sua decisão, Mello, que é relator da investigação sobre interferência de Jair Bolsonaro na PF, justificou a decisão dizendo que o inquérito é sigiloso e que apenas o presidente e Sérgio Moro são investigados no caso.

"Seja porque o Senhor Flávio Nantes Bolsonaro, ora requerente, não é objeto de investigação criminal neste inquérito (Inq 4.831/DF), seja porque, na presente apuração penal, sequer foi intimado para depor, na espécie, como investigado, uma vez que ostentam essa singular condição – vale dizer, a de investigados – apenas o Senhor Presidente da República e o Senhor Sérgio Fernando Moro", afirma o ministro (leia a íntegra da decisão).

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Marinho revelou que um delegado simpatizante de Bolsonaro teria repassado a dica para demitir Queiroz e sua filha antes da deflagração da operação – e disse que iria ‘adiar’ a ação para depois do segundo turno das eleições de 2018.

Horas antes, Celso de Mello colocou sob sigilo os depoimentos do empresário Paulo Marinho e do chefe de gabinete do senador Flávio Bolsonaro, Miguel Ângelo Braga Grillo, que também será ouvido pela PF no caso.

O sigilo também engloba todos os ‘demais atos policiais que se sucederem em decorrência dos já mencionados depoimentos testemunhais’. A determinação de Celso permite apenas ao Ministério Público Federal acessar os depoimentos e também ‘eventuais diligências’ da PF que ocorrerem após as oitivas.