Ciro usa assalto a Bolsonaro como argumento contra liberação de armas: “daria num banho de sangue”

"É um grosseiro equívoco achar que você vai estabelecer paz armando as pessoas", disse o candidato do PDT em agenda de campanha em Osasco (SP)

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Por Leandro Conceição, no Visão Oeste Ciro Gomes, candidato do PDT à presidência da República, fez caminhada de campanha na manhã desta quarta-feira (22), no calçadão de Osasco, no Centro da cidade. Durante coletiva de imprensa, ao ser questionado sobre uma possível ampliação da liberação do porte de armas, uma das principais bandeiras de Jair Bolsonaro (PSL), Ciro usou um assalto sofrido pelo adversário, que é capitão do Exército, em 1995, como argumento contrário à medida. “O Bolsonaro é um capitão do Exército, foi treinado para mexer com arma e estava andando no Rio de Janeiro com uma Glock, que é uma pistola sofisticadíssima, e foi assaltado. Na hora do assalto, do que adiantou ele estar com a Glock? Ele entregou mais uma arma para os bandidos”, afirmou Ciro Gomes. “Ora, se um capitão, treinado, vítima do efeito surpresa, do assaltante, entrega a arma para o assaltante, o que não dizer da esmagadora maioria do nosso povo, que não tem dinheiro para comprar arma e, tendo dinheiro, não tem o treinamento que o capitão teve por anos? Portanto, é um grosseiro equívoco achar que você vai estabelecer paz armando as pessoas. É um grosseiro equívoco que só daria num banho de sangue e nós precisamos evitar”, completou o pedetista. Bolsonaro foi assaltado em 1995 enquanto panfletava na Zona Norte do Rio de Janeiro. Conforme jornais da época, ele declarou que, mesmo armado, se sentiu indefeso. Aborto: “Não vou cair na ilusão de confrontar a comunidade cristã”, diz candidato Ciro Gomes voltou a se esquivar sobre seu posicionamento com relação à legalização do aborto. “Não sou candidato a guru de costumes”. “Não vou cair na ilusão de confrontar a comunidade cristã brasileira, católica, evangélica, introduzindo uma tarefa que não é do presidente da República, é do Congresso Nacional”, declarou o candidato à presidência. “Legalização ou não, não é tarefa do presidente da República”. Ataque de Temer é “medalha” O candidato do PDT afirmou ainda que considera uma “medalha” o fato de ter sido chamado de “pigmeu político” pelo presidente Michel Temer em carta a Caetano Veloso. “Sou o cara que tem confrontado o Michel Temer e o que ele representa. Ser insultado, agredido pelo presidente da República mais odiado da história do Brasil me parece ser uma medalha e eu quero que o povo preste atenção. Ele elogia o [Geraldo] Alckmin (PSDB), o [Henrique] Meirelles (MDB), e me critica azedamente”, declarou Ciro em Osasco. “O senhor Michel Temer é um chefe de quadrilha, está todo mundo cansado de saber disso”. “Pesquisas são retrato, a vida é filme” As pesquisas divulgadas esta semana apontam Ciro Gomes com 9% (Ibope) e 10% (Datafolha), no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa, e 5% no cenário com Lula candidato. Sobre os levantamentos, Ciro avaliou: “É um retrato do momento. Mas a vida não é retrato, a vida é filme”. Com relação a uma possível polaridade entre esquerda e direita na disputa presidencial, Ciro Gomes defendeu que o próximo presidente tenha uma postura mais ao centro. “Nós precisamos, desesperadamente, dar ao povo brasileiro uma saída que não seja extremista, que não seja demagógica, que não seja mentirosa”. Obras paradas e saúde Em Osasco, Ciro Gomes também falou de projetos. Disse que uma de suas principais medidas como presidente seria a retomada de 7.200 obras federais paradas pelo país, medida que, segundo ele, criaria dois milhões de empregos. “Essa é a única forma de criar dois milhões de empregos na urgência que o brasileiro desempregado precisa, porque a construção civil não importa insumos estrangeiros e absorve trabalhadores que não têm maiores condições de se qualificar”, afirmou. “Já está tudo sendo estudado. Serão dois milhões de empregos retomando 7.200 obras paradas do governo”. Na área da Saúde, Ciro declarou que pretende criar um fundo e metas para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “Precisamos resolver a questão do subfinanciamento e a questão da gestão e desperdício. Estou propondo, por exemplo, para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) criar um fundo de R$ 4 bilhões, que serão distribuídos para cada uma das 4 mil UBSs do Brasil que atingirem metas em questões de maternidade, mortalidade materno-infantil, prevenção de diabetes, prevenção de hipertensão, que são os grandes flagelos e, ciclicamente, de coisas tipo chikungunya, zika. E introduzir nessa avaliação a satisfação do usuário”.