Com aprovação recorde, Bolsonaro confronta Guedes e vai furar teto de gastos

"A ideia de furar o teto existe, qual é o problema?", disse o presidente em live. Ex-capitão também pediu compreensão e "patriotismo" do mercado sobre o caso

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O presidente Jair Bolsonaro confirmou em live nas redes sociais, realizada nesta quinta-feira (13), que pretende extrapolar o teto de gastos públicos. A medida confronta diretamente o ministro da Economia, Paulo Guedes, que defende o limite nos gastos da União e disse que furar o teto pode levar ao impeachment de Bolsonaro.

"A ideia de furar teto existe, o pessoal debate. Qual é o problema?", disse o presidente na live, alegando que a intenção é arranjar recursos para obras no Nordeste. Já em clima eleitoral, Bolsonaro tem apostado na região - que tem base eleitoral lulista - para aumentar sua base de apoio.

"Já gastamos R$ 700 bilhões, vamos gastar mais R$ 20 bilhões ou não? O Paulo Guedes fala: 'está sinalizando para a economia, para o mercado, que está furando o teto, dando um jeitinho'. Outro lá na ponta, de outro Poder, fala: 'não vou aceitar jeitinho'", continuou. Ao mencionar o "outro Poder", Bolsonaro fez referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM).

Na transmissão, Bolsonaro também pediu compreensão e "patriotismo" do mercado no caso. "O mercado tem que dar um tempinho também. Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles", disse.

Empresários

Representantes do setor privado, que foram diretamente responsáveis pela eleição de Bolsonaro, não veem com "compreensão" as propostas do presidente. De acordo com o Painel, da Folha de S.Paulo, grandes empresários têm afirmado que podem abandonar o apoio ao ex-capitão e que descumprimento do teto pode ser motivo para que Guedes deixe o governo.

“Guedes está num labirinto que não depende só dele. Desconfio que seu apoio venha mais de fora do que de dentro, e desconfio que teto e reforma são a encruzilhada que o fará ficar ou sair”, diz Horácio Lafer Piva, da Klabin.

O presidente do Instituto Mises, Hélio Beltrão, compartilha da mesma ideia e diz que Bolsonaro poderá perder apoio dos empresários caso tire o "lado liberal" de seu governo. "Se ele acha que vai tirar o lado liberal e continuar com o mesmo apoio que tinha antes, ele está enganado", disse, em entrevista à BBC.