Contadora que foi traída por força-tarefa de Curitiba se emociona em depoimento a Moro. Vídeo

"No dia 17 de março de 2015, aniversário de 1 ano de operação, eu recebi mensagem de toda a força-tarefa dizendo que eles iam comemorar, falando que a vitória era nossa, me chamando para um churrasco de comemoração”, disse Meire Pozza

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"No dia 17 de março de 2015, aniversário de 1 ano de operação, eu recebi mensagem de toda a força-tarefa dizendo que eles iam comemorar, falando que a vitória era nossa, me chamando para um churrasco de comemoração”, disse Meire Pozza Por GGN Responsável por ter destravado a delação de Paulo Roberto Costa e entregar documentos sobre operações de Alberto Youssef que foram fundamentais para o sucesso da Lava Jato, a contadora Meire Pozza chorou em depoimento ao juiz Sergio Moro, divulgado pelo Estadão na noite de domingo (4), no momentou em que lembrou que foi bajulada pelos procuradores de Curitiba e, 2 anos depois, traída pela força-tarefa. Meire é acusada de ter vendido um imóvel de Alberto Youssef sendo que a transação havia sido informada com antecedência às autoridades da Lava Jato. A contadora diz que tomou a iniciativa após o doleiro ser preso e deixar dívidas em uma de suas empresas. Segundo a defesa de Meire, ela foi usada pela Polícia Federal para destravar a delação de Paulo Roberto Costa; foi orientada pelo delegado Márcio Anselmo a colaborar de maneira informal, ou seja, sem acordo de delação com vários processos que tramitaram em Curitiba e somente quando sua relação com a Lava Jato chamou a atenção do ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, ela foi denunciada. Leia mais: Como a Lava Jato usou uma mulher para destravar as delações Diante de Moro, Meire respondeu a uma pergunta de sua defesa, sobre a efetividade de sua colaboração informal, com a voz embargada. "O Márcio [Anselmo] dizia que se eu não tivesse colaborado da forma como eu fiz, muito provavelmente a operação não tivesse chegado onde chegou", disse. "No dia 17 de março de 2015, aniversário de 1 ano de operação, eu recebi mensagem de toda a força-tarefa dizendo que eles iam comemorar, falando que a vitória era nossa, me chamando para um churrasco de comemoração. Membros do Ministério Público me dizendo que minha colaboração foi imprescindível. Se não tivesse tido minha colaboração, não teria chegado [onde chegou]. Recebi muitas mensagens desse tipo", acrescentou. A defesa de Meire revelou durante interrogatório de Márcio Anselmo que ela mantinha um grupo no aplicativo WhatsApp com a força-tarefa de Curitiba, e por lá enviava informações que dispunha contra Youssef e seus negócios. "Ele [MP] me fez a proposta de acordo [de delação] e quem encaminhou isso foi o doutor Márcio. Minha conversa foi única e exclusivamente com o doutor Márcio. Eu nunca decidi... Eu me limitei a colaborar dentro do que ele [Márcio] precisava e essas determinações, o caminho, como tudo ia acontecer, sempre foi o doutor Marcio quem me orientou", disse Meire. Ela afirmou a Moro que no decorrer das investigações, recebeu uma proposta de acordo de delação por meio do delegado Márcio Anselmo, que foi recusada. Meire sequer chegou a descartar a minuta junto ao Ministério Público. O assunto teria parado em Anselmo, que chegou a dizer a Meire que pediria perdão judicial ao juiz, caso ela fosse denunciada pelos procuradores. Diante de Moro, o delegado não admitiu que fez a promessa. "Embora não tenha sido assinado, nós tínhamos um acordo que, para mim, era 100% válido. Era um acordo simples: eu colaboraria como colaborei em todas e quaisquer ações que houvessem, e eles não me denunciariam", disse Meire. "Era um acordo firmado, um acordo moral, que foi cumprido por eles em 2014, 2015, 2016, e só foi quebrado agora em 2017. Mas existia efetivamente."  Foto: Agência Brasil