Contas fechadas: quem é Geddel, o acusado das malas com 51 milhões

Braço direito de Michel Temer, homem forte do PMDB e responsável por todas as nomeações do governo atual, político baiano tem uma longa lista de participações suspeitas na política nacional.

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Braço direito de Michel Temer, homem forte do PMDB e responsável por todas as nomeações do governo atual, político baiano tem uma longa lista de participações suspeitas na política nacional. Da Redação* A longa trajetória de esquemas, no mínimo suspeitos, de Geddel Vieira Lima pode estar chegando ao fim. Um dos principais braços direitos de Michel Temer e nome forte do PMDB, além de ser o responsável por todas as nomeações do governo que chegou ao poder após o afastamento de Dilma Rousseff, está prestes a ser conhecido também como o maior corrupto já pego em investigações na história do Brasil. Isso porque, depois de terminada a contagem do dinheiro escondido em um apartamento, atribuído ao político baiano, o valor atinge nada menos do que R$ 51.030.866,40 (foto). Quando caiu do ministério do atual governo, em meio a mais um escândalo, Geddel escreveu uma mensagem se referindo ao "fraterno amigo" Temer: "Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer, Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair. Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso. Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo. Retornando à Bahia, sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor. Aos Congressistas, o meu sincero agradecimento pelo apoio e colaboração que deram na aprovação de importantes medidas para o Brasil. Um forte abraço, meu querido amigo. Geddel Vieira Lima". Histórico Geddel deixou o cargo de ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer no final de 2016. Ele foi acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de tê-lo pressionado para liberar uma obra no centro histórico de Salvador. Geddel era responsável pela articulação política do governo. Atuou como vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa entre 2011 e 2013, cargo do qual chegou a pedir exoneração pelo Twitter, pela possibilidade de concorrer nas eleições seguintes. Quem o convidou para o cargo foi Temer. Foi derrotado por Otto Alencar (PSD) na eleição ao Senado. Em sua trajetória, chegou a ser presidente do PMDB na Bahia e um dos que se manifestaram pelo rompimento do partido com o governo Dilma, afirmando que o modelo da administração petista “se exauriu”. Lava Jato Durante sua passagem pelo Ministério da Integração Nacional, uma auditoria do Tribunal de Contas da União apontou favorecimento ao estado da Bahia na liberação de verbas para prevenção de catástrofes. Em 2010, Geddel deixou o cargo de ministro para concorrer a governador da Bahia, mas perdeu a eleição. Além disso, mensagens apreendidas pela Operação Lava Jato revelaram que o ex-deputado federal pode ter usado sua influência política para atuar em favor de interesses da construtora OAS dentro da Caixa e também na Secretaria de Aviação Civil e junto à prefeitura de Salvador. Muito antes disso, em 1993, foi citado no escândalo dos Anões do Orçamento, em que parlamentares foram acusados de manipular emendas com a participação de empreiteiras no desvio de verbas. Foi inocentado pela CPI dos Anões. Em bate-boca famoso em 2002, foi chamado pelo ex-presidente Itamar Franco, então governador de Minas que disputaria as prévias do partido à presidência, de "percevejo de gabinete" – uma alusão a peemedebistas que buscavam se aliar a governos em troca de cargos. Geddel defendia que o partido apoiasse a candidatura de José Serra (PSDB) e rebateu, chamando Itamar de “nômade partidário”. Em 2001, um vídeo intitulado “Geddel vai às compras” foi divulgado pelo então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), sobre o suposto enriquecimento ilícito de Geddel e sua família. Já em 2011, Geddel uniu-se a ACM Neto (DEM), neto de seu histórico inimigo político, em uma aliança contra Jaques Wagner (PT) nas eleições municipais do ano seguinte. ACM Neto saiu vencedor, com 53,51% dos votos válidos, derrotando o candidato de Wagner, o petista Nelson Pelegrino. Temer Em maio deste ano, Geddel passou a integrar o governo de Michel Temer como ministro da Secretaria do Governo. Até então um dos homens forte de Temer no Planalto, Geddel começou a balançar no cargo de ministro da Secretaria de Governo apenas em novembro de 2016, quando Calero concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, denunciando a pressão do ex-colega da Esplanada dos Ministérios. Calero acusou Geddel de tê-lo pressionado a conceder a licença de construção de um prédio de luxo localizado em um bairro nobre de Salvador, que havia sido barrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Nada a declarar Quase 24 horas após a decoberta das malas e caixxas de dinheiro por parte da Polícia Federal, Geddel Vieira Lima não se pronunciou sobre o caso. Quando fizer alguma declaração é provável que negue ser o dono da fortuna encontrada no apartamento que frequentava. No entanto, se não é dele, por que ainda não se explicou? *Com informações do Brasil 247, O Globo e G1 Foto: Polícia Federal