Crise no governo: Guedes cancela participação em evento após debandada no Ministério da Economia

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, adiou a tradicional live de quinta-feira que começaria às 19h

Paulo Guedes (Foto: Edu Andrade/Ascom ME)
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Após a notícia de que 4 de seus principais secretários pediram demissão, o ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou sua participação em um evento com empresários da construção civil, que estava marcado para às 19h na sede de sua pasta em Brasília.

O cancelamento foi descrito logo após a notícia da debandada dos secretários vir à tona na agenda oficial de Guedes disponível no site do Ministério da Economia.

Reprodução/Ministério da Economia

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, adiou a tradicional live de quinta-feira que começaria às 19h. A precisão é que a transmissão seja realizada às 20h30.

Debandada

Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Economia sofreu uma debandada com pedidos de demissão de 4 secretários: Bruno Funchal, secretário especial de Tesouro e Orçamento; Gildenora Batista Dantas Milhomem, secretária especial adjunta de Tesouro e Orçamento; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; e Rafael Araújo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional.

Em nota, o Ministério informou que os secretários alegaram “razões pessoais” para os pedidos de demissão. Os substitutos ainda não foram anunciados.

Apesar do motivo real da debandada não ter sido explicitado pela pasta, nos bastidores especula-se que as demissões estejam ligadas à discordância dos secretários com as intenções de Guedes e Jair Bolsonaro de furar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, programa do governo que visa substituir o Bolsa Família e que, claramente, tem por objetivo real alavancar a candidatura de Bolsonaro à reeleição no próximo ano.

Bolsonaro nega, mas Guedes pede “licença” para furar o teto

Bolsonaro voltou a falar nesta quinta-feira (21) que o Auxílio Brasil, cujo valor será de R$ 400, não vai furar o teto de gastos.

“O que nós decidimos? Passar todos para no mínimo 400 reais. Isso tudo com responsabilidade. Ninguém está furando o teto (de gastos)”, declarou o presidente durante evento em São João de Piranhas (PB), para inaugurar trecho da transposição do Rio de São Francisco.

Esta é a segunda declaração do presidente sobre o teto de gastos em menos de 24h. Isso se deu pelo fato de que, nesta quarta-feira (20), Paulo Guedes declarou que terá de “pedir licença” para gastar R$ 30 bilhões fora do teto de gastos, regra que limita os gastos ligados à inflação.

“Seria uma antecipação da revisão do teto de gastos que está (prevista) para 2026 ou se, ao contrário, mantém o teto, mas por outro lado pede um ‘waiver’, pede uma licença para gastar essa camada temporária de proteção”, disse Guedes durante evento com o setor da construção civil.

A declaração de Paulo Guedes fez com que o dólar fosse comercializado em R$ 5,67 e que a Ibovespa operasse em queda de mais de 2% nesta quarta.

Estes dois indicadores teriam levado o presidente Bolsonaro voltar a defender o teto de gastos para “acalmar” o mercado financeiro.