Debate sobre drogas não pode restringir a crenças em detrimento da ciência, diz conselho de Psicologia sobre Conad

Decreto de Bolsonaro excluiu especialistas e representantes da sociedade civil do debate sobre drogas. Conad passa a ter agora apenas 14 integrantes, todos de indicação política

Foto: Arquivo/EBC
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O Conselho Federal de Psicologia (CFP) reagiu nessa segunda-feira (22) à decisão do presidente Jair Bolsonaro que editou decreto retirando os Conselhos profissionais e a sociedade civil do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), que passa a ser composto majoritariamente por integrantes governamentais. A medida é apontada por especialistas e entidades como um retrocesso, que caminha no sentido contrário ao entendimento internacional de políticas sobre drogas. “O CFP reitera a importância da participação da Psicologia, assim como de outros Conselhos profissionais, no Conad”, diz o CFP em nota. “Participação esta que tem o objetivo de oferecer subsídios para uma discussão que tenha como base a produção cientifica do conhecimento nas mais diversas áreas. A nova medida torna os debates dentro do Conselho restritos às discussões mais baseadas em crenças do que no conhecimento cientifico”. Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo Criado em 2006, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Conad era composto por 31 representantes. Desse, havia 17 pessoas com cargo de ministro ou indicadas por ministérios e órgãos federais, além de um integrante de conselho estadual sobre drogas. Os outros 13 eram os representantes da sociedade civil e especialistas que foram excluídos, como pesquisadores, acadêmicos e diferentes conselhos profissionais, como o de Psicologia, Serviço Social, Enfermagem, Medicina. Com a nova composição, o Conad passa a ter 14 integrantes, sendo 12 membros com cargo de ministro ou indicados por ministério ou órgão federal, e dois integrantes de conselho estadual e órgão estadual sobre drogas.