Definição sobre investigação de Paulo Preto está nas mãos de Gilmar Mendes

O inquérito apura se houve apropriação indevida de dinheiro público no valor atualizado de R$ 10,4 milhões, nos governos de Geraldo Alckmin e José Serra

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[caption id="attachment_126306" align="aligncenter" width="652"] A Dersa é uma empresa de economia mista controlada pelo governo paulista, na qual Paulo Preto ocupou cargos de diretor de Relações Institucionais e de Engenharia de 2005 a 2010 - Foto: Reprodução/TV Senado[/caption] Cabe ao ministro Gilmar Mendes decidir o destino da investigação sobre Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. A defesa espera uma definição favorável para transferir para o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação a respeito de peculato, realizada no Ministério Público Federal (MPF), e que tramita na 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Paulo Preto é apontado por delatores da Lava Jato como operador de propinas para políticos do PSDB, acusação que ele nega. As informações são de André Guilherme Vieira, do Valor. O inquérito apura se houve apropriação indevida de dinheiro público no valor atualizado de R$ 10,4 milhões, envolvendo reassentamentos no eixo de obras viárias de São Paulo - que o ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) teria praticado de 2009 a 2012, de acordo com a investigação. A Dersa é uma empresa de economia mista controlada pelo governo paulista, na qual Paulo Preto ocupou cargos de diretor de Relações Institucionais e de Engenharia de 2005 a 2010 - período em que São Paulo foi governado por Geraldo Alckmin e pelo atual senador José Serra (PSDB-SP). A defesa de Paulo Preto no Supremo é liderada pelo ex-subprocurador-geral da República José Roberto Figueiredo Santoro, que também representa o chanceler Aloysio Nunes (PSDB) nos inquéritos da Lava Jato desdobrados das delações de empreiteiros e executivos da Odebrecht e que estão sob a tutela da Procuradoria-Geral da República (PGR). O pedido para que a investigação suba ao STF por alegada conexão de fatos está no gabinete de Gilmar desde ontem aguardando decisão do ministro. O advogado de Paulo Preto argumenta que a investigação que tramita em São Paulo tem relação com o assunto apurado nos inquéritos decorrentes das delações da Odebrecht em que Serra e Aloysio figuram como investigados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Apura-se suposto recebimento de vantagem indevida pelo ministro de Relações Exteriores e pelo parlamentar envolvendo contrato celebrado pelo governo de São Paulo com consórcios das construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS, para construção do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas em São Paulo. E ainda se houve recebimento de valores destinados às suas campanhas que não tenham sido declarados à Justiça Eleitoral. Serra e Aloysio têm privilégio de foro e o relator das investigações é o ministro Gilmar Mendes. Ambos têm negado veementemente qualquer envolvimento em ilícitos. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defende que a investigação sobre a suspeita de peculato permaneça sob condução do MPF de São Paulo. “O requerente [Paulo Preto] visa a equiparar o objeto de duas investigações, mas não apresenta nenhum dado concreto a respeito daquela que quer ver submetida ao Supremo Tribunal Federal. Em situações como estas, a jurisprudência desta Corte já sinalizou pelo não conhecimento do pedido”, afirmou Dodge, em manifestação feita ao STF em 9 de fevereiro. “O requerente parece possuir um variado portfólio criminoso, mas com ações não necessariamente entrelaçadas”, concluiu Dodge.