Denúncia sobre financiamento de fake news pró Bolsonaro no TSE segue intocada após oito meses

A denúncia foi feita pelo PT ainda durante a campanha eleitoral, mas o tribunal sequer ouviu alguma testemunha ou realizou qualquer diligência relacionada ao processo

Bolsonaro e o filho, Carlos (Reprodução/Flickr)
Escrito en POLÍTICA el
Com nova reportagem de Patrícia Campos Mello na edição desta terça-feira (18) da Folha de S.Paulo, o caso do financiamento por empresário de disparos em massa de fake news pró Jair Bolsonaro durante as eleições voltou à tona. Porém, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a denúncia feita pelo PT ainda durante o processo eleitoral sobre o tema permanece praticamento intocada. Dias depois do primeiro turno das eleições de 2018, ao perceber a influência das mentiras propagadas pelo Whatsapp naquele resultado, o PT levou uma denúncia ao TSE para investigar a situação e averiguar quem financiou o impulsionamento massivo daquelas mensagens contra o partido e seus candidatos. Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo Porém, 8 meses depois de protocolado, o pedido se encontra congelado nas mãos do relator, o corregedor-geral eleitoral, ministro Jorge Mussi. A verdade é que o tribunal eleitoral não moveu sequer uma palha para investigar a questão. Para começar, nenhuma testemunha foi ouvida no processo, nem mesmo a jornalista Patricia Campos Mello, da Folha de São Paulo, autora de uma reportagem que denunciou exatamente como um grupo de empresários bolsonaristas, liderado por Luciano Hang, dono da Havan, financiou ilegalmente uma campanha de mentiras contra o PT pelo Whatsapp. A matéria de Campos Mello relatava ações que são consideradas ilegais pela legislação eleitoral brasileira, como o uso de disparos em massa utilizando sistemas automatizados de envio de mensagens, e também o pagamento não declarado à Justiça Eleitoral (configurando caixa dois), em benefício de candidato específico (que no caso seria Jair Bolsonaro, que terminou sendo eleito presidente). Além disso, algumas decisões do tribunal eleitoral têm sido bastante curiosas, como a excluir do processo o empresário Peterson Rosa Querino, dono da agência Quickmobile, uma das que oferece o serviço de disparos em massa pelo WhatsApp. Também chama a atenção o fato de que essa investigação relacionada a setores aliados a Jair Bolsonaro esteja emperrada, embora outra, que tinha como alvo o PT, já tenha sido concluída há tempos: em março passado, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aplicou uma multa de 176,5 mil reais à campanha de Fernando Haddad, pelo impulsionamento de um site “com ataques a Jair Bolsonaro”, através de um mecanismo de busca do Google que ajudou a propagar um site chamado “A Verdade sobre Bolsonaro”, que trazia trechos de uma reportagem do New York Times.