Depois de Zambelli e Heleno, PF quer ouvir Bolsonaro no inquérito sobre interferência na corporação

Inquérito tem como base as denúncias de Sérgio Moro de que Bolsonaro interferia politicamente na Polícia Federal, o que é passível de impeachment ou cassação

Foto: Marcos Correa/PR
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Depois do ex-ministro Sérgio Moro, da deputada Carla Zambelli, do ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno e de outras pessoas ligadas ao governo, a Polícia Federal informou, através de despacho da delegada Christiane Correa Machado, que pretende tomar depoimento de Jair Bolsonaro no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta interferência do presidente na corporação.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, terá que se manifestar sobre o pedido. Na sexta-feira (29), depois de afirmar que daria uma terceira vaga no STF a Aras, Bolsonaro condecorou o PGR com uma ordem militar - e no dia anterior Aras pediu para o STF interromper o inquérito das fake news, que atinge bolsonaristas e pessoas próximas do presidente, incluindo seus filhos.

O inquérito em que a PF pretende ouvir Bolsonaro é o que tem como base as denúncias do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, de que o capitão da reserva interferia politicamente na Polícia Federal. O vídeo da fatídica reunião ministerial de 22 de abril, em que Bolsonaro aparece esbravejando contra o fato de "não conseguir" trocar a "segurança" de sua família no Rio de Janeiro, é uma das provas apresentadas por Moro e que vem sendo analisada pelos investigadores.

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Bolsonaro justifica que estava se referindo à segurança pessoal de sua família e, por isso, a Polícia Federal tomou depoimento do chefe do GSI, Augusto Heleno, que seria o responsável pela segurança direta do presidente. Já Moro diz que o presidente se referia à superintendência da PF do Rio de Janeiro, e teria o intuito de controlar a polícia no estado para proteger seus filhos.

No mesmo inquérito, a PF já tomou o depoimento também de Maurício Valeixo, ex-diretor geral da corporação cuja demissão foi o pivô para a saída de Moro do governo. De acordo com o ex-ministro da Justiça e com o próprio Valeixo, Bolsonaro queria uma pessoa "de confiança" no comando da operação.

Antes da PF se manifestar em favor do depoimento de Bolsonaro para compor a investigação, Celso de Mello, ministro relator do caso no STF, já havia pedido pareceres à PGR sobre depoimento de Bolsonaro e a apreensão de celulares do presidente e do filho, Carlos Bolsonaro, o que gerou a ira do general Augusto Heleno, que divulgou uma nota com uma clara ameaça às instituições.