Deputado bolsonarista paga R$ 110 mil em espécie para advogado prestar serviço que a Câmara faria

Além de não apresentar comprovantes do serviço, Daniel Silveira não teve nenhum dos seus 33 projetos de lei aprovados e nem perto de ser

Foto: Reila Maria/Câmara dos Deputados
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Apesar de ter à sua disposição na Câmara dos Deputados consultorias legislativas especializadas em 22 áreas distintas, o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), conhecido por quebrar a placa da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), paga, há 11 meses, de sua verba de gabinete, R$ 10 mil mensais em espécie para um escritório de advocacia de sua cidade, Petrópolis.

Os pagamentos são, segundo a prestação de contas do deputado, pela produção de projetos que ele apresenta à Câmara. Todos os projetos, no entanto, poderiam ter sido analisados pelas consultorias da própria Câmara.

O valor das consultorias pagas ao escritório do advogado Samuel Maciel equivale a 20% do que o deputado gastou com a cota até maio deste ano. Perguntado pela coluna de Guilherme Amado se tem experiência na produção de projetos legislativos, o advogado afirmou que não se manifestaria.

De acordo com a nota fiscal emitida, o advogado também auxiliou na formulação de requerimentos e indicações para o presidente da República. Essas medidas são corriqueiras e, em geral, feitas pelos consultores da Câmara ou do próprio gabinete dos parlamentares.

Sempre que demandados, os consultores elaboram estudos, notas técnicas, minutas de proposições e pareceres, relatórios e pronunciamentos parlamentares, entre outros trabalhos.

Ao todo, Daniel Silveira apresentou 33 projetos de lei desde que assumiu, em fevereiro do ano passado. Nenhum foi aprovado ou está perto de ser.

A coluna pediu o conteúdo que comprovasse que as consultorias foram prestadas, mas Daniel Silveira não respondeu e nem explicou por que pagou em espécie ao advogado.