Deputado do PT apresenta pedido de impeachment contra Bolsonaro por interferência no Iphan

Em pedido de impeachment, Jorge Solla aponta que Bolsonaro "modificou toda a estrutura do Iphan só para atender os interesses de seus apoiadores políticos"; confira na íntegra

Jair Bolsonaro e Luciano Hang | Foto: Foto: Anderson Riedel/PR
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O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) apresentou um novo pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro neste sábado (18). A ação diz respeito ao episódio em que Bolsonaro confessou ter interferido na direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para beneficiar uma obra da rede de lojas Havan, de seu aliado Luciano Hang.

"Com base no discurso do Sr. Presidente da República, e do material coligido nos autos, se verifica que foram praticados, a bem da verdade, crimes de responsabilidade, com nítido desrespeito à moralidade administrativa por parte deste, já que em detrimento das funções inerentes ao seu cargo, realizou a exoneração de servidores públicos, buscando atender interesses escusos e particulares", afirma Solla na ação.

O deputado destaca que Bolsonaro "modificou toda a estrutura da autarquia federal responsável pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro só, e tão somente só, para atender os interesses de seus apoiadores políticos". "O DENUNCIADO NADA MAIS FEZ DO QUE VILIPENDIAR O INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO, O PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL NACIONAL E SUA PRESERVAÇÃO, COM FINS ATENDER OS ANSEIOS PARTICULARES PRÓPRIOS E DE SEUS 'COLABORADORES'", reforça Solla.

Em evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de São (Fiesp), na quarta-feira o presidente deixou claro que indicou a presidenta do Iphan para que o órgão não dê “dor de cabeça”. Ele exemplificou como interferiu no instituto ao narrar a ocasião em que mandou “ripar todo mundo” para beneficiar uma obra da rede de lojas Havan, de seu aliado Luciano Hang.

Juíza determina afastamento da presidenta do Iphan

A polêmica declaração de Bolsonaro já provocou efeitos imediatos no comando da entidade. A juíza federal substituta Mariana Cunha, da 28ª Vara Federal do Rio de Janeiro, determinou neste sábado (18) o afastamento cautelar de Larissa Rodrigues Peixoto Dutra da presidência do Iphan.

O atual Presidente da República admitiu que, após ter tomado conhecimento de que uma obra realizada por Luciano Hang, empresário e notório apoiador do governo, teria sido paralisada por ordem do Iphan, procedeu à substituição da direção da referida autarquia, de modo a viabilizar a continuidade da obra. As falas supratranscritas sugerem, ao menos em um juízo de cognição sumária, uma relação de causa e efeito entre as exigências que vinham sendo impostas pelo Iphan à continuidade das obras do empresário e a destituição da então dirigente da entidade”, escreveu a juíza federal em trecho da decisão divulgado pelo Uol.

A magistrada destacou ainda que na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Bolsonaro manifestou “a intenção de substituir a presidência da autarquia com o propósito não de acautelar o patrimônio cultural brasileiro, mas de promover o favorecimento pessoal de interesses específicos de pessoas e instituições alinhadas à agenda governamental”.

Falta de capacitação técnica

A nomeação de Larissa Rodrigues Peixoto Dutra para a presidência do Iphan já era alvo de Ação Popular, apresentada em 2020 pelo deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ), por desvio de finalidade de falta de capacitação técnica para assumir o cargo.

Larissa é graduada em Turismo e Hotelaria pelo Centro Universitário do Triângulo, e cursa atualmente pós-graduação lato sensu em MBA executivo em gestão estratégica de marketing, planejamento e inteligência competitiva, na Faculdade Unileya.

Confira na íntegra o novo pedido de impeachment contra Bolsonaro