Dilma: Bolsonaro comanda "um governo neofascista executando um programa neoliberal"

"A esquerda vai ter de ter um trabalho junto ao povo. Cada vez mais. Nós temos de olhar para os evangélicos que votaram no Bolsonaro. Nós temos de discutir com aqueles que defenderam o Bolsonaro", disse Dilma em entrevista

Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff (Montagem)
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Em entrevista à agência estatal de notícias alemã Deutsche Welle, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) traçou uma análise do cenário político brasileiro dizendo que Jair Bolsonaro está a frente de "um governo neofascista executando um programa neoliberal". "No Brasil o que você constata é a existência de um governo neofascista executando um programa neoliberal. Defendem a tortura, os torturadores, dizem que não houve ditadura no Brasil. [O governo] É capaz de utilizar de forma absolutamente clara todos os mecanismos possíveis para perseguir artistas, para desrespeitar educadores, desrespeitar a autonomia universitária, desrespeitar o direito, desrespeitar jornalistas. Eles têm de conviver com isso. Têm de conviver com a defesa da tortura, com a defesa da violência. Têm de conviver com as relações bastante estranhas que existem entre certos segmentos da milícia e setores do governo Bolsonaro", afirmou. Para reverter o quadro, a ex-presidenta diz que o campo progressista precisa dialogar com os brasileiros que defendem Bolsonaro. "A esquerda vai ter de ter um trabalho junto ao povo. Cada vez mais. Nós temos de olhar para os evangélicos que votaram no Bolsonaro. Nós temos de discutir com aqueles que defenderam o Bolsonaro porque acham e acreditam que a questão da segurança no Brasil é a questão central. E nós temos de tratar a questão da segurança. Nós vamos ter de voltar a todas essas esferas de atuação das pessoas. Onde está o povo brasileiro é onde teremos de estar. Só tem esta forma". Segundo ela, a tese de que a desigualdade é consensual tem nutrido um campo fértil para a ascensão da extrema-direita no mundo. "Há que ter uma discussão sobre como construir um novo modelo que de fato seja aquele que atenda aos interesses das pessoas, que não torne as pessoas tão infelizes como estão. Esta forma de economia que leva a essa tamanha desigualdade não é consensual. Porque enquanto você achar que é consensual e agir como tal, não haverá alternativa pela esquerda contra esse processo. E aí tem campo fértil para, por exemplo, um Trump atribuir todo o processo de concentração de riqueza e renda dos Estados Unidos ao imigrante mexicano". Leia a entrevista na íntegra