Dilma: Se ataque à saúde pública e desrespeito à vida são motivos, Bolsonaro tem que sofrer impeachment

Dilma disse ainda que "bater panela não é minha forma de luta", mas credita ao desembarque da classe média os protestos que se tornaram rotina contra Jair Bolsonaro

Foto: Reprodução/Instituto Lula
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Deposta da presidência por um golpe em que foi "acusada de praticar algo que todos os presidentes, antes de mim tinham feito", a ex-presidenta Dilma Rousseff disse Bolsonaro tem que sofrer impeachment se ataque à saúde pública e desrespeito à vida forem motivos para tal.

"Eu sofri um impeachment sem crime de responsabilidade. Eu fui acusada de praticar algo que todos os presidentes, antes de mim tinham feito. Eu tinha feito também no primeiro mandato e não tinha sido crime […] Acho que todo mundo tem de ter o benefício da legalidade e da lei. Tem de ver se ataque a saúde pública, se desrespeito à vida é causa para impeachment. Se for, ele deve sofrer impeachment. Agora, eu tenho plena clareza que as relações políticas e as condições políticas prévias [é] que vão definir se vai ser ou não objeto de um impeachment", disse Dilma em entrevista a Guilherme Mazieiro e Leonardo Sakamoto, no portal Uol neste domingo (5).

Dilma disse que "bater panela não é minha forma de luta", mas credita ao desembarque da classe média os protestos que se tornaram rotina contra Jair Bolsonaro.

"O segmento que apoiava Bolsonaro, de classe média, desencantou bastante com ele e isso está refletido nas pesquisas. Estava claro que é uma pessoa contra a ciência, um terraplanista, que não respeita os dados científicos. Uma pessoa que cria uma desconfiança pelo fato de haver mortes [pelo novo coronavírus], haver contágio, encher os hospitais. Uma pessoa assim provoca esse surto contrário a ele nesse segmento da classe média que bate panelas de forma legítima, porque está contrariando algo que eles esperavam dele", disse.

A ex-presidenta disse ainda que Bolsonaro se mostra incapaz de conduzir a política de combate ao coronavírus e credita ao atual mandatário as mortes decorrentes da doença.

"Acho que é lamentável. Muita gente fala que é louco, irresponsável. Mas tem método, tem uma disputa política. Sem a relação com os estados e os municípios você não chega na ponta, e essa é uma relação de cooperação, não de disputa. O presidente pretende atribuir aos governadores tanto as mortes como a fome, o que é um escândalo. A responsabilidade é dele. Que é incapaz de agir de uma forma concertadamente [de comum acordo]".