Dino diz que Bolsonaro age como "cavaleiro do apocalipse" e "profeta do caos"

O governador do Maranhão disse que o presidente é "perverso" e "desleal" com os gestores estaduais

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O governador do Maranhão, Flávio Dino, voltou a criticar a postura do presidente Jair Bolsonaro diante da crise do novo coronavírus. Dino lamentou a demissão de Henrique Mandetta do ministério da Saúde e disse que o presidente é "desleal" com governadores.

"Não conheço nenhum caso similar na história brasileira, em que um presidente da República, em vez de mitigar uma crise, ele é o agente catalisador dessa crise, quase como se fosse um cavaleiro do apocalipse, um profeta do caos", afirmou o governador em entrevista à Agência Efe ao comentar sobre a demissão de Henrique Mandetta.

Segundo Dino, o presidente faz uma manobra para jogar a culpa da crise e econômica do país "sobre os ombros dos governadores". "Isso é perverso, é uma barbaridade, é algo desleal, seja do ponto de vista das relações federativas, seja do ponto de vista das relações políticas. Gostaria muito que houvesse um outro ambiente, em que as diferenças políticas fossem substituídas pela compreensão do papel da união nacional nesse momento tão grave", disparou.

"Neste momento, precisamos de líderes que coloquem um consenso sobre dissensos. E o Bolsonaro é exatamente o ser antinômico em relação a isso. Além de não buscar a união e o consenso, ele busca exatamente o contrário, ele busca o conflito, ele busca a divergência. Ele toma atitudes inesperadas, intempestivas", completou.

Dino ainda afirmou que o presidente erra desde o início da crise por partir de uma premissa "negacionista". "Como ele minimizava o problema por motivos ideológicos, muito singulares e próprios desse ideário de extrema-direita que professa, ele não preparou o Brasil, então não houve a implementação adequada de uma coordenação nacional, não há sequer estabilidade na equipe da saúde", disse.