Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e Andreazza são tratados como “comunistas” por bolsonaristas

“Essa cadeia de comando é muito próxima do presidente, porque ela passa pelos filhos, pelo Carlos Bolsonaro”, afirma Andreazza sobre a rede de difamação

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Diogo Minardi, Reinaldo Azevedo, Raquel Shererazade, Matheus Carneiro, Carlos Andreazza entre outros jornalistas, identificados até então por ter perfil conservador, têm sido chamados até mesmo de “comunistas” por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. O achincalhe dos “comunistas desmascarados”, tema da matéria de Fábio Zanini publicada nesta quarta-feira (13), começou com mais intensidade desde a crise dos laranjas do PSL, revelada pela Folha em 4 de fevereiro, que levou à demissão de Gustavo Bebianno do ministério. Os três que mais têm apanhado nos últimos dias são Diogo Mainardi (O Antagonista e GloboNews), Felipe Moura Brasil (Jovem Pan) e Carlos Andreazza (O Globo e Jovem Pan). “Virou mais um jornalista canalha das mídias, mais um vendido”, disparou um tuiteiro contra Moura Brasil. “Não queremos jornalista fazendo fofocas, intrigas do governo federal, queremos jornalistas com comprometimento com a nação”, completou. O jornalista se defende pelo Twitter: “Não há patrulha de falsos críticos, seja de esquerda ou direita, ligada ou não a partidos e governos, que me fez ou me fará desviar do jornalismo independente, em busca da verdade”, escreveu. Mainardi, autor de “Lula é minha anta” e, portanto, insuspeito de inclinações esquerdistas, é outro que vem apanhando da claque do presidente. “Antes você tinha credibilidade, hoje os emails, quando chegam de vocês, coloquei no spam. Credibilidade zero”. Por mensagem de WhatsApp à Folha, Mainardi respondeu apenas que “não dá bola” para os ataques e preferiu não comentar. Já Andreazza, que tem adotado a atitude oposta à de Mainardi, a de confrontar os críticos, a quem chama de “milícias virtuais”, conversou com o jornal. Ele é editor, responsável por publicar, na Record, livros de Olavo de Carvalho. Por isso, acha que é visto como um especial traidor ao criticar o governo. “Eu tinha certeza de que chegaríamos a esse momento cedo ou tarde. Não fui pego de surpresa”, diz ele, que se define como “um conservador por formação intelectual”. Andreazza diz que há uma rede virtual de difamação que chega até Carlos Bolsonaro. “Eu venho me dedicando há muito tempo a mapear essas milícias, a identificar que tem uma cadeia de comando. E essa cadeia de comando é muito próxima do presidente, porque ela passa pelos filhos, pelo Carlos Bolsonaro”, afirma. “É uma rede muito profissional, muito eficiente de assassinato de reputações”, diz.