Direita tenta reeditar marcha da família que desembocou no golpe de 64

Movimento, que tem baixa adesão nas redes, conta com a participação entusiasmada do condenado pelo mensalão Roberto Jefferson

Foto: Arquivo
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Corre pelas redes sociais a convocação para a “Marcha da Família Cristã pela Liberdade”, movimento que tenta reeditar a “Marcha da Família com deus pela Liberdade”, que acabou dando respaldo aos militares para o golpe de março de 1965.

O movimento tenta pegar carona na votação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a abertura de templos e realização de cerimônias religiosas presenciais durante a pandemia. Apesar de muito próxima a data – a convocação do evento é para o próximo domingo – as redes sociais mostram baixa adesão.

O único expoente da política que, até o momento, tem se mostrado entusiasmado com a marcha é o ex-condenado no esquema do mensalão e presidente do PTB, Roberto Jefferson.

“Faltam apenas três dias para a Marcha da Família Cristã pela Liberdade. Vai ser gigante”, escreveu Jefferson em sua conta do Twitter.

A marcha da família com Deus

O movimento surgiu em março de 1964 em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base.

A série de manifestações, ou "marchas", organizadas principalmente por setores do clero e por entidades femininas Congregou segmentos da classe média, temerosos do "perigo comunista" e favoráveis à deposição do presidente da República.

A primeira dessas manifestações ocorreu em São Paulo, a 19 de março, no dia de São José, padroeiro da família. O principal articulador da marcha foi o deputado Antônio Sílvio da Cunha Bueno, apoiado pelo governador Ademar de Barros, que se fez representar no trabalho de convocação por sua mulher, Leonor de Barros.

Organizada com o auxílio da Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), da União Cívica Feminina, da Fraterna Amizade Urbana e Rural, entre outras entidades, a marcha paulista, que contou com cerca de 300 mil pessoas, recebeu também o apoio da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Estavam presentes Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, e Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara.

Na ocasião, foi distribuído o Manifesto ao povo do Brasil, convocando a população a reagir contra Goulart.

Com informações de Sérgio Lamarão, da FGV