Diretor do Inpe detona Bolsonaro: “Não pode falar como em uma conversa de botequim”

Ricardo Galvão, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, rebateu Bolsonaro, dizendo que, ao criticar a ciência brasileira, ele faz piada de um garoto de 14 anos; declaração veio como reação à fala do presidente negando o desmatamento na Amazônia

Reprodução/Academia Brasileira de Ciências
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Nessa sábado (20), o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, rebateu Jair Bolsonaro, que afirmou que o órgão mentia sobre dados de desmatamento na Amazônia. As acusações de Bolsonaro foram feitas durante um café da manhã com correspondentes estrangeiros. “A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos. Até mandei ver quem é o cara que está a frente do Inpe para vir se explicar aqui em Brasília, explicar esses dados aí que passaram na imprensa. No nosso sentimento, isso não condiz com a realidade. Até parece que ele está a serviço de alguma ONG, que é muito comum”, afirmou Bolsonaro. Ricardo Galvão pareceu aceitar o desafio.“A primeira coisa que eu posso dizer é que o sr. Jair Bolsonaro precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim. Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse País”, declarou. “O presidente não tem noção da respeitabilidade que os dados do Inpe e que os pesquisadores do Inpe têm. É uma ofensa o que ele fez. Eu espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos. Eu sou um senhor de 71 anos, membro da Academia Brasileira de Ciências, não vou aceitar uma ofensa desse tipo. Ele que tenha coragem de, frente a frente, justificar o que ele está fazendo”, desafiou Galvão. “Sou republicano e [acredito] que ele tem várias propostas que vão em benefício do país, mas ele tem tido realmente comportamento que não respeitam a dignidade e a liturgia da presidência. Principalmente quando ele tem essas entrevistas com a imprensa ou mesmo em outras manifestações, ele tem um comportamento como se estivesse em botequim. [...] Ou seja, ele fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoas. Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer”, concluiu. * Com informações Estadão Conteúdo e O Globo