Dirigente do PSL afirma que recebeu dinheiro sem recibo para campanha de ministro de Bolsonaro em Minas

"No dia 5 de outubro de 2018, Jandir entregou à declarante a quantia de R$ 17 mil em dinheiro [...] A quantia estava guardada em uma caixa branca da marca Lacoste", afirma trecho da transcrição do depoimento

Foto: Gustavo Messina/MTur
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Ivanete Maria da Silva Nogueira, vice-presidente do PSL em Conselheiro Lafaiete (MG), afirmou em depoimento à Polícia Federal que gastos de campanha do hoje ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) foram pagos por meio de dinheiro vivo entregue a ela dentro de uma caixa branca da grife Lacoste a dois dias da eleição de 2018. Segundo ela, um assessor do ministro não quis pegar os recibos dos serviços prestados. De acordo com as investigações, nenhum desses casos figura na prestação de contas entregue à Justiça pelo ministro ou pelo PSL. Esta já é a segunda vez que Ivanete fala à PF. Na primeira, em 27 de agosto, ela entregou documentos de comprovação da contratação em 2018 de panfleteiros e de um salão para o lançamento, na região, da então campanha de Álvaro Antônio a deputado federal. Os depoimentos de Ivanete fazem parte do inquérito e agora estão com a Promotoria e com a Justiça de Minas —que decretou segredo de Justiça sobre o caso. Segundo Ivanete, Álvaro Antônio afirmou a ela, pessoalmente, "que todas as tratativas referentes ao pagamento da campanha seriam realizadas com Jandir, seu assessor", em referência a Jandir Vieira Siqueira, hoje membro do diretório estadual do partido. "No dia 5 de outubro de 2018, Jandir entregou à declarante a quantia de R$ 17 mil em dinheiro [...] A quantia estava guardada em uma caixa branca da marca Lacoste", afirma trecho da transcrição do depoimento. Procurada, a defesa do ministro do Turismo afirmou que Ivanete não trabalhou em sua campanha e que o depoimento dela à PF "não procede". Entenda o casoministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais na última sexta (4) sob acusação dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa —com pena de cinco, seis e três anos de cadeia, respectivamente. Ele nega irregularidades. Haissander Souza de Paula, ex-assessor parlamentar do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que na época era coordenador de sua campanha a deputado federal no Vale do Rio Doce (MG), disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que “acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”. Em uma planilha apreendida em uma gráfica, nomeada como “MarceloAlvaro.xlsx”, há referência ao fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão “out”, o que significa, na compreensão de investigadores, pagamento “por fora”. Com informações da Folha