Doria "sequestra" PSDB para a extrema-direita e promove caça às bruxas, diz sociólogo tucano

Coordenador da corrente Esquerda pra Valer no PSDB, Fernando Guimarães diz que Doria não pode tratar o partido "como se fosse uma das suas empresas"

Foto: Alan Santos/PR
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Fernando Guimarães, coordenador da corrente Esquerda pra Valer no PSDB, disse em entrevista à repórter Carolina Linhares, publicada nesta terça-feira (28) na Folha de S.Paulo, que o governador de São Paulo, João Doria, deseja “sequestrar” o PSDB para a extrema-direita. “O Doria não pode tratar o PSDB como se fosse uma das suas empresas. Não tem como ele vir dizer "isso é extrema esquerda". Quem apoiou o extremo foi ele, ao apoiar Bolsonaro, que é extrema direita, antes de qualquer deliberação do partido liberando seus filiados”, disse Guimarães, que também faz parte do movimento Direitos Já, que reúne dez partidos, incluindo PT e siglas de esquerda, em oposição a Jair Bolsonaro (PSL). Ele completa que “é como se ele dissesse: eu indico as pessoas e elas farão aquilo que eu determino. Isso não é um partido político, isso é uma legenda apequenada, sequestrada”. Na última sexta-feira (24), Doria afirmou que estaria construindo um novo partido e “que quem discorda deve pedir para sair”, em referência ao sociólogo que milita no PSDB desde os 13 anos, e que afirma que não deixará a sigla. Para ele, o atual governador de São Paulo se declara como “de centro” somente para atrair o eleitor. “O Doria é um neoliberal, o posicionamento dele é bem à direita. Ele não é uma figura moderada. Se fosse, ele não estava fazendo essa caça às bruxas, estava dialogando conosco. Não é o fato de ser filiado que te faz tucano. Essa é a dificuldade do Doria diante das figuras históricas do partido: ele não se sente tucano. E por isso essa hostilidade e essa dificuldade de ter pluralidade". Em cinco dias o partido realiza sua convenção nacional, onde deve escolher o novo presidente da sigla. Até o momento o único candidato é Bruno Araújo, ex-deputado federal alinhado com João Doria. Guimarães defende uma “volta às origens de centro-esquerda” em contraposição à renovação proposta por Doria.