Edmilson Rodrigues defende aliança ampla contra Bolsonaro em 2022, como em Belém

Prefeito eleito na capital paraense derrotou o bolsonarista Delegado Eguchi, com uma frente que reuniu PSOL, PT, Rede, PDT, UP e PCdoB, já no primeiro turno

Escrito en POLÍTICA el

Edmilson Rodrigues está de volta à Prefeitura de Belém (PA), agora pelo PSOL depois de 16 anos. Entre 1997 e 2004, ele governou a cidade pelo PT. Neste ano, elegeu-se no segundo turno com 390.723 votos (51,76% dos votos válidos), contra 364.095 votos do conservador do Patriotas, Delegado Federal Eguchi, (48,24%). E promete estar na vanguarda da luta contra o fascismo e ajudar na construção de uma frente para que Jair Bolsonaro não se reeleja em 2022. “O fascismo precisa ser enfrentado por todas as forças que têm o mínimo de compromisso com a democracia. Ou não teremos nem candidaturas”, diz. Edmilson foi entrevistado nesta sexta-feira (4) no programa Fórum Onze e Meia, exibido ao vivo no canal da Revista Fórum no Youtube.   

Segundo Edmilson, “uma coisa é enfrentar um liberal no governo, outra é enfrentar alguém que, inclusive, manipula as instituições do Estado, com as Forças Armadas, com a Polícia Federal”. O psolista acredita que será necessária uma união dos grandes nomes do campo da esquerda. “Para 2022, ou os grandes nomes sentam e compactuam ou o país vai ficar dividido”.

Para ele, lideranças como Lula, Fernando Haddad, Marina Silva, Ciro Gomes, Carlos Siqueira, presidente do PSB, e líderes de partidos menores, como o PCdoB, precisam se unir, como ocorreu na capital paraense neste ano. “Nossa vitória aqui foi baseada numa unidade da esquerda, numa frente, que no segundo turno também reuniu o PSB, é uma demonstração do quanto nós precisamos dialogar”, afirma. “Hoje somos submetidos a um projeto de um miliciano, que submete o país às suas decisões e de seus filhos, de um grupelho totalmente despreparado para pensar o futuro do país. Não tem nenhum compromisso. Vamos fazer um governo para ajudar a esquerda a criar vergonha e perceber que o fascismo não é uma abstração, ele vem se implantando.”

Bora Belém

O prefeito eleito promete entre suas primeiras ações de governo a criação do Programa Bora Belém, que terá a instituição de uma renda mínima. Segundo Edmilson, a equipe de transição já trabalha para estipular valores e como será a implantação. “Belém é pobre, o orçamento não é tão maravilhoso, mas tem um orçamento de quase 4 bilhões e podemos remanejar até 30%”, explica sobre como custear o programa, lembrando que em 1997, conseguiu implantar o Bolsa Escola.  

O prefeito eleito também criticou duramente o governo Bolsonaro em relação à sua política ambiental e as queimadas na Amazônia “incentivadas por esse fascista miliciano que ocupou o governo do país, se dizendo anti-establishment, mas na verdade representando o que tem de mais canalha na política.”

“É muito triste o Brasil ver o Ibama sendo inviabilizado, a Funai, esvaziada, o genocídio indígena acontecendo, os incêndios aumentando como nunca”, avalia. “É triste termos manifestações de outros governos e autoridades cifrando ataques antissoberanos contra o país, por conta de um governo que está entregando a soberania nacional. É uma grande contradição. [Países ameaçando] ações em favor da Amazônia que poderiam comprometer a soberania nacional. Vivemos riscos enormes que se aprofundam por conta de um governo que está destruindo o Estado de Direito.”

Edmilson promete uma gestão na cidade que busque a justiça social com a distribuição de renda, mas que alie o equilíbrio ecológico e a democracia. Ele defende o Orçamento Participativo, onde “o povo decide se o dinheiro vai para construir uma creche ou para pavimentar uma rua”. “Belém precisa de um movimento cívico, o governo é de esquerda, tem lado, nós vamos fazer inversão de prioridades, vai ser um governo participativo, mas também um governo amplo, pois a crise em Belém é muito profunda.”

Assista (a partir do minuto 39)

https://www.youtube.com/watch?v=QLEWY7l7uFs