Eduardo Bolsonaro comanda o golpismo na América Latina

Em 10 meses, Eduardo Bolsonaro promoveu convenções e articulou a diplomacia brasileira com o que há de mais extremista na direita dos países da América Latina, criando teorias da conspiração, insuflando ódio e fazendo abertamente a defesa do uso da força - junto a um novo AI-5 - para varrer o progressismo e a democracia da região

Eduardo Bolsonaro estampando o rosto de um de seus ídolos (Arquivo)
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No Congresso Nacional, Jair Bolsonaro revelou muito de seu pouco apreço pela democracia, enquanto os filhos brincavam de fazer política. Dividindo espaço na Câmara, entre viagens para praticar surfe e tiro, Eduardo Bolsonaro chegou a ser alertado pelo pai, que poderia parar na "Papuda", se não levasse aquilo ali a sério. Pois bem. A bronca parece ter surtido efeito. E, hoje em dia, Eduardo leva as ideias extremistas propagadas pelo pai nas quase três décadas de parlamento a sério demais. E tenta colocá-las em prática à revelia até do próprio capitão da família. Eduardo foi educado ouvindo teorias da conspiração e ódio de Bolsonaro. Se pós graduou nas ideias mirabolantes e raivosas do guru da Virgínia, Olavo de Carvalho. E, mais recentemente, foi ungido a mestre da ultradireita conservadora na América Latina por Steve Bannon - aquele que insuflou nos EUA a cultura fascista que rendeu cenas como as que foram vistas na cidade de Charlottesville, no mesmo Estado americano da Virgínia, em agosto de 2017. Em fevereiro, pouco após a posse do pai, Eduardo anunciou que havia sido "o escolhido" por Bannon para liderar a aliança global de ultradireita “O Movimento” na América Latina. E, desde então, começou a mostrar seus dentes para qualquer coisa que possa ser identificada e taxada como esquerda, progressismo ou socialismo. Como chanceler de fato do governo Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro influenciou diretamente a política externa de Ernesto Araújo junto com o olavista fanático Filipe Martins. Em 10 meses, Eduardo Bolsonaro promoveu convenções e articulou a diplomacia brasileira com o que há de mais extremista na direita dos países da América Latina, criando teorias da conspiração, insuflando ódio e fazendo abertamente a defesa do uso da força - junto a um novo AI-5 - para varrer o progressismo e a democracia da região. Custe o que custar. Na invasão da embaixada da Venezuela nesta terça-feira, o filho 03 de Bolsonaro mostra seu alinhamento com grupos paramilitares para impor sua ideologia à força, enquanto ouvem-se mais que rumores do envolvimento de "homens de confiança" do presidente em golpes sangrentos, como o que ocorre na Bolívia. Eduardo Bolsonaro tem ambições que vão muito além de ocupar uma embaixada nos EUA. Mostra que está construindo um caminho próprio junto ao que há de mais terrível na política mundial. E revelou hoje que não obedece hierarquia. Seja ela qual for. Eduardo Bolsonaro representa um risco à democracia na América Latina e também no Brasil. E está disposto a fomentar todo esse ódio. Mesmo sob ameaça de parar na "Papuda".