Em audiência, Crivella diz que apurou "com todo coração" as denúncias de corrupção em seu governo

Após passar a noite na Casa de Custódia Frederico Marques, em Benfica, que serve como uma unidade de triagem no Rio, Crivella deve voltar para casa na manhã desta quarta com tornozeleira eletrônica

Marcelo Crivella - Foto Michel Filho/Prefeitura Rio
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Em audiência de custódia com a desembargadora Rosa Helena Guita após ser preso nesta terça-feira (23), Marcelo Crivella (Republicanos) disse que apurou "com todo coração" as denúncias sobre corrupção em seu governo, que soube dos pagamentos de propinas na prefeitura do Rio, mas que não tem "nada a ver com essas coisas".

"Soube que houve delações de pessoas que tiveram que pagar vantagens para alguém para receber, ou coisas do tipo. Lamento profundamente, porém, nada, absolutamente nada tenho a ver com essas coisas. Todas as denúncias que me chegaram eu apurei com todo coração, com todo interesse", afirmou, segundo informações da coluna de Bela Megale, no jornal O Globo desta quarta-feira (23).

Após passar a noite na Casa de Custódia Frederico Marques, em Benfica, que serve como uma unidade de triagem no Rio, Crivella deve voltar para casa na manhã desta quarta com tornozeleira eletrônica, após decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, que concedeu e ele o benefício da prisão domiciliar.

Sobre o QG da Propina, o prefeito afastado do Rio disse que afastou o presidente da Riotur, Marcelo Alves, assim que teve conhecimento das investigações. Marcelo é irmão de Rafael Alves, que é acusado de ser o operador do sistema de corrupção no governo.

"Quando me chegou ao conhecimento esse assunto do QG da propina, na mesma hora afastei o presidente da Riotur e fiquei surpreso, porque, quando eu assumi, as despesas com o Carnaval eram R$ 70 milhões. Agora, no último ano, fizemos o carnaval sem um tostão de recursos públicos, embora tenha sido uma dificuldade imensa negociar isso".

Crivella ainda falou de seus "quase 20 anos de vida pública" e lamentou a prisão, pois teria usado até mesmo as "próprias milhas" para voar até Brasília e "nunca cobrei da prefeitura".

"Tenho a consciência tranquila de que não autorizei, participei ou recebi qualquer vantagem. Evitei, inclusive, morar na casa da Gávea (residência oficial do prefeito do Rio), nunca fretei avião para viajar, não usei helicópteros, não promovi festas. Várias vezes, até viajei para Brasília com milhas, minhas próprias. Também, nunca cobrei da prefeitura", disse.

O prefeito afastado ainda pediu à desembargadora "paciência com meu desabafo", dizendo viver um "momento de imensa tristeza" e ouviu da magistrada que ela espera "de todo coração" que as acusações contra ele "não sejam confirmadas, porque tudo que o povo carioca quer, que o povo brasileiro quer é que seus representantes zelem pelos seus direitos”.