O diário britânico The Guardian publicou neste sábado (15) uma entrevista exclusiva com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta na qual ele o presidente Jair Bolsonaro, seu ex-chefe, de “desempenhar um papel fundamental em levar o Brasil e sua economia para uma catástrofe”
“Os historiadores dirão, no futuro, que Jair Bolsonaro por conduzir os brasileiros a um precipício mortal, com sua resposta vacilante, egoísta e anticientífica à pandemia de covid-19”, comentou Mandetta, que foi o primeiro dos três ministros que já passaram pela pasta da Saúde durante o atual governo.
Em outro momento importante da entrevista, Mandetta deu a entender que será candidato à presidência em 2022, desafiando a reeleição de Bolsonaro, seu ex-chefe, de quem agora é inimigo político. Ele diz que vem recebendo “elogios da direita e da esquerda” por sua postura a favor dos cuidados com respeito à pandemia e sobre a ameaça do coronavírus para o país.
“Espero que o líder que sair vitorioso em 2022 seja capaz de reconstruir o tecido social quebrado do Brasil, dando a este país um sentido de unidade, e aceitando que simplesmente não é normal sair por aí dizendo que os brasileiros gostam de viver no esgoto”, declarou.
No texto da entrevista, o jornal britânico destaca que a saída de Mandetta do governo de Bolsonaro, em meados de abril, se deu quando o Brasil ainda tinha cerca de 2 mil falecidos oficiais por covid-19, e que agora, cerca de quatro meses depois, o país já supera os 105 mil óbitos e é o segundo mais afetado pela pandemia em todo o mundo.
Em suas críticas ao presidente, Mandetta enfatiza o “total desprezo pela ciência” por parte de Bolsonaro e sua postura por “propagandear tratamentos ineficazes, como a cloroquina e a hidroxicloroquina”.
“É lamentável vê-lo ele rejeitando totalmente a ciência, zombando de todos aqueles que falam a partir de conceitos científico. Entretanto, quando há a perspectiva de uma vacina, ele é o primeiro a vir bater à porta da ciência, como se uma vacina fosse redimir os erros que ele cometeu durante esta epidemia”, concluiu o ex-ministro.