Em entrevista com Rafael Correa, Haddad classifica Bolsonaro como “ultraneoliberal”

No programa, gravado para o canal russo RT, o último presidenciável petista também disse que a esquerda “deve ter consciência de que se tiver outra oportunidade (para governar), terá que ser mais rápida em fazer as mudanças que a população espera”

Anúncio do programa "Conversando com Correa", com Fernando Haddad (foto: divulgação)
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Na edição desta quinta-feira (18) de “Conversando com Correa”, no canal russo RT, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa, apresentador do programa, conversou com o ex-ministro da Educação do Brasil e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que também foi o último candidato presidencial do PT (Partido dos Trabalhadores), e que foi derrotado no segundo turno em 2018, na disputa com Jair Bolsonaro.

Durante a conversa, Haddad não economizou em críticas ao atual governo. “(O governo) tem vários problemas, a começar por uma aversão à ciência, que o leva a negar a gravidade da pandemia, chegando a chamá-la de `gripezinha´(…), mas não só isso, também é um governo que sempre propagandeou a ditadura militar, não tem diálogo com as forças progressistas do país, nem com os cientistas, nem com os professores”, conta o político.

Haddad também classificou o governo de Bolsonaro como “ultraneoliberal”, e que, nesse sentido, ele seria “até mais neoliberal que o de Donald Trump, embora, pelo contexto brasileiro, seja a continuação o modelo econômico que vem sendo impulsionado no país desde o governo de Michel Temer, que foi o presidente que deu o golpe contra Dilma Rousseff”.

“Bolsonaro fez uma combinação muito perversa, de um governo autoritário, protofascista, em coalizão com o mercado financeiro”, definiu o ex-presidenciável petista.

Sobre a possibilidade de a esquerda voltar a governar nos países da América do Sul, Haddad disse que acredita nisso, mas que os partidos terão que propor e fazer coisas diferentes para poder alcançar essa oportunidade.

“Devemos ter consciência de que se tivermos outra oportunidade (para governar), teremos que ser mais rápidos em fazer as mudanças que a população espera de nós. Não se pode esperar por 30 anos de gradualismo, você tem 8, 10, 12 anos para mudar a realidade do país”, refletiu.