Em live sobre mil dias de governo, Bolsonaro admite: comida era mais barata na Era Lula

O presidente tentou atacar os governos petistas, mas acabou fazendo um elogio

Jair Bolsonaro em live realizada em 30 de setembro | Reprodução/YouTube
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Apesar de prometer que sua live desta quinta-feira (30) seria sobre os mil dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro não conseguiu esconder o desespero diante da alta da inflação e do preço dos combustíveis. Bolsonaro passou mais da metade da transmissão falando sobre isso, arrumando mil culpados, e acabou admitindo que nos governos Lula e Dilma Rousseff a comida era mais barata.

"Muita gente quer que esse pessoal que fazia essas barbaridades volte pro governo. 'Ah, naquele tempo a comida estava mais barata'. Tava mais barata sim, mas tivemos a tal da pandemia que influenciou a inflação no mundo todo", disse o presidente em live. Dessa maneira, Bolsonaro admitiu que a comida era mais barata com Lula e Dilma.

Durante a live, Bolsonaro ainda tentou se isentar da responsabilidade culpando o Teto de Gastos, estabelecido em 2016, com voto favorável dele. "Naquele tempo também não tinha a PEC do Teto, dava um subsídio, um vale gás. Mas tem o lado bom, você mantem a saúde fiscal do país", disse, em tom elogioso.

Retorno da fome no Brasil de Bolsonaro

Nos últimos dias, diversas reportagens tem mostrado o drama do retorno da fome ao país. Estão cada vez mais comuns cenas de brasileiros recorrendo a ossos e outras partes do boi que seriam descartadas para se alimentar. Um indicador da Conab estima que o consumo de carne (bovina, suína, de peixes, de aves) será o menor no Brasil dos últimos 25 anos.

A inflação registrada somente em relação às carnes frescas, no período de julho de 2020 a junho de 2021, foi de 38%, segundo o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Relatório da FAO, organismo da ONU para alimentação e a agricultura, divulgado em julho revelou ainda que dobrou o número de brasileiros que passam fome desde 2018.

Na segunda-feira (27), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou no STF ação em que questiona omissão do governo Bolsonaro no combate à fome.