Em Minas, Lula desafia golpistas e crava os olhos no futuro

Lula: "Um homem que quando tinha 13 anos de idade não tinha coragem de roubar uma maçã para não envergonhar a mãe, não vai roubar para envergonhar milhões e milhões de brasileiros e brasileiras. Eu quero que eles provem a minha culpa, a minha inocência eu já provei!"

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Lula: "Um homem que quando tinha 13 anos de idade não tinha coragem de roubar uma maçã para não envergonhar a mãe, não vai roubar para envergonhar milhões e milhões de brasileiros e brasileiras. Eu quero que eles provem a minha culpa, a minha inocência eu já provei!" Por Clarice Cardoso Em Brasília, armavam-se não muito às escondidas negociações para livrar o presidente usurpador Michel Temer da votação de mais uma denúncia da Câmara de Deputados. Enquanto isso, no interior de Minas Gerais, Lula estava no palco de um ato na praça Tiradentes, em Teófilo Otoni olhando nos olhos do povo e apontando o dedo para aqueles que acham que podem sair incólumes do desmonte reiterado das conquistas e progressos do país. "A Folha já publicou duas vezes que na primeira votação, o Temer gastou 14 bilhões de reais comprando deputado. Hoje a matéria diz que vai gastar mais 12. Daria para resolver o problema da educação. O que que é melhor para o país? Investir em educação ou gastar com deputado pra votar?”, questionou. Foi uma disparada direta para aqueles que teimam em vender o país, destruir direitos e acabar com a nossa democracia. Lula está de olho e, mais do que nunca, pronto para a disputa. Às vésperas de completar 72 anos "com disposição de um garoto de 30 e tesão de 20", Lula chegou a um belo ato em defesa da educação e contra os desmontes golpistas como parte da etapa mineira de sua caravana Lula pelo Brasil, que começa sob os bons augúrios e a excelente recepção que teve por todo o Nordeste no final de agosto. “Esse país foi jogado no lixo a partir de 2013 quando eles começaram a caminhada para derrubar Dilma. Não pense que aquela marcha que houve em 2013 era porque a Globo gostava de democracia. Ali começaria uma caminhada para derrubar o governo do PT da Presidência." Se nem os diários ataques político-midiáticos arrefeceram a luta de Lula, não seriam os gritos roucos de poucas dezenas de pessoas que encobririam a voz dos milhares de mineiros que lotaram a praça num ato pacífico e emocionante. “Os coxinhas não queriam, mas o Lula vai falar!”, provocou o ex-presidente logo no início da sua fala. A questão é que tanto os arquitetos do golpe como seus débeis apoiadores cometeram um erro em comum. Nas palavras do líder petista: "Eles mexeram com quem estava quieto”. "Eles venderam a alma ao diabo e eu não vou deixar, porque meu pacto é com o povo brasileiro. Eles sabem que eu darei a vida para que a gente não permita que o país perca a soberania. Se eles não sabem como resolver o problema da economia brasileira, da crise, eu sei!" A expectativa dos homens, mulheres, jovens, idosos e crianças que aguardavam a fala de Lula contrastava apenas com a impressionante atenção com que ouviam o ex-presidente no palco, como que a sorver as palavras. Bandeiras a postos tremulavam com força em resposta às espirituosas falas de Lula. Eles estavam ali não só para um ato político, mas também para absorver as palavras de um líder que passou pela região já outras vezes em caravanas que objetivam sempre ouvir o povo das regiões. Olhos marejados de emoção, um grupo de senhoras e senhores reocupavam as posições que tomaram décadas atrás para ouvir o carismático líder. Lula lembrou em fatos e números o Brasil que sonhou e que coloca em prática em seus governos e que tem sido descaradamente destruído pelos golpistas. O que Lula quer, e para já, é que se os apoiadores do golpe derrubaram uma presidenta legitimamente eleita para colocar algo “pior” no lugar. "Nós estamos vivendo um momento difícil hoje. Aquele Brasil que era protagonista, de quando o Obama disse que eu era o cara, aquele país que a China respeitava, que a Europa respeitava, que a Índia e a Rússia respeitavam, que era protagonista na América Latina inteira, eles destruíram.” A motivação para o ódio dos que se insurgem contra ele, reflete Lula, vem de uma classe alta que não admite a ascensão das pessoas mais pobres. “Porque os de baixo não querem mais ficar na senzala. Querem subir para a Casa Grande.” É um ódio e um modelo de perseguição que não encontram paralelo no cenário político nacional. E comparações de tratamentos dispares não faltam. “Quebraram o meu sigilo bancário, foram procurar dinheiro ilegal na minha vida. Na minha não acharam, mas acharam na do Aécio e na de muita gente. Acharam joia, ouro, dólar, euro, até avião com 400 quilos de cocaína acharam. E esse avião desapareceu. E o dono dele nunca foi prestar um depoimento. Onde está essa cocaína?”, provocou, para delírio do público. A grande questão, para Lula, não é evitar enfrentar as acusações que se levantam contra ele. “Eu não estou e não quero estar acima da lei, porque todas as leis que estão sendo utilizadas para combater a corrupção foram feitas no meu governo e no governo da Dilma. Eles sabem que eu tenho todos os defeitos do mundo, mas um homem que quando tinha 13 anos de idade não tinha coragem de roubar uma maçã para não envergonhar a mãe, não vai roubar para envergonhar milhões e milhões de brasileiros e brasileiras. Eu quero que eles provem a minha culpa, a minha inocência eu já provei!"